O dever primordial da imprensa é dar ao seu leitor/ouvinte/telespectador as informações que lhe permitam compreender e tirar suas próprias ideias e opiniões sobre o mundo em que vivem.

É claro que essa percepção do momento e do mundo depende bastante da qualidade das informações que chegam ao receptor e de quanto sério foi o trabalho do jornalista em apurar os fatos com responsabilidade, confrontando diferentes fontes.

Em várias ocasiões, temos abordado nesse espaço a importância de as pessoas buscarem informações em veículos de imprensa profissionais. Muito dos fatos que nos chegam para compor aquilo que chamamos de realidade vêm por meio dos jornais, revistas, rádio, televisão. Essas notícias acabam se tornando uma espécie de registro histórico daquilo que nós mesmos estabelecemos como prioridade.

O episódio ocorrido na última segunda-feira (7) e envolvendo o apresentador do Flow Podcast, Bruno Aiub, conhecido como Monark, é um exemplo de quanto é perigoso esse tipo de comunicação amadora, produzida por youtubers e influencers interessados em aumentar o número de seus seguidores, conseguir likes e conquistar patrocinadores despreocupados em se aliar a marcas que mais cedo ou mais tarde causarão dor de cabeça.

A declaração de Aiub revoltou associações judaicas, causou indignação na sociedade e afastou patrocinadores e ex-convidados do programa. No episódio da última semana, o youtuber defendeu a criação de um partido nazista reconhecido pela lei. Com a repercussão negativa da declaração, Aiub foi demitido do podcast que ele ajudou a criar. E ainda será investigado pelo Ministério Público por apologia ao nazismo.

A fala de Aiub foi muito grave. Em nome da liberdade de expressão não se pode sair em defesa de regime que causou a morte de cerca de 6 milhões de judeus. No Brasil já está consolidado que é crime fazer apologia ao nazismo.

Aiub, assim como tantos outros youtubers, se beneficia de um discurso vazio, sem compromissos éticos e com objetivo de levantar polêmica na instância do "eu falo o que quero".

O perigo das plataformas que dão espaço para esse tipo de conteúdo é que milhões de pessoas que ouviram o podcast poderão passar a acreditar que não há problema em criar um partido nazista.

É preciso que o poder público e instituições de promoção à educação e à cidadania invistam em projetos que promovam a educação digital para brasileiros de todas as idades. Não é possível que as pessoas passem a construir as suas realidades a partir das "opiniões" de cidadãos que ganharam notoriedade apenas por suas posturas nas redes sociais.

Obrigado por ler a FOLHA!

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.