O governo Jair Bolsonaro, que atravessa sua pior crise política com a CPI da Covid , ganhou mais um motivo de preocupação que pode aumentar ainda mais o desgaste da administração federal.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira (15), mostram que depois de dois anos de redução nos índices de mortes violentas, o País voltou a registrar, em 2020, aumento da taxa de homicídios.

O 15º Anuário do Fórum mostra que as mortes violentas intencionais cresceram 4% no ano passado em comparação com 2019. Foram 50.033 vítimas, sendo 78% mortas com arma de fogo. O maior avanço se deu nos estados do Nordeste.

A redução da violência era um dos principais capitais políticos do governo, principalmente no início da gestão, em 2019, durante o período em que o ex-juiz federal Sergio Moro esteve à frente do Ministério da Justiça e da Segurança Pública.

Mesmo que não haja dados que comprovem uma mudança de direção nas políticas públicas de combate à violência após o desembarque de Moro do governo o fato é que neste período ganharam espaço em Brasília as políticas armamentistas.

Também não há como fazer uma relação direta entre o aumento de armas em circulação e o aumento do número de mortes, mas especialistas em Segurança Pública estão apreensivos quanto aos efeitos da facilitação do armamento aos cidadãos, uma vez que 78% das mortes violentas intencionais - que correspondem a homicídios, latrocínios e lesões seguidas de morte - ocorreram em decorrência de disparos por arma de fogo.

No ano passado, o país teve redução de 1,7% no orçamento de segurança pública, de onde saem os recursos empregados no enfrentamento à criminalidade.

Os especialistas expõem também que não houve inovação na segurança, o que era uma das principais plataformas eleitorais de Bolsonaro.

Além de fazer frente à pandemia, com medidas econômicas e sociais efetivas , o governo não pode descuidar da segurança pública.

Os efeitos da violência desmedida são extremamente nocivos ao país, principalmente quando o recorte do estudo mostra que do total de vítimas, 6 mil eram crianças ou adolescentes.

Neste grupo, o principal agravante é que, com a pandemia, muitos dos jovens perderam seu principal canal de escuta: a escola.

É preciso lembrar que, no Brasil, a violência também é uma epidemia e deve ser combatida.

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