O Japão, um país com forte essência pacifista, entrou em choque nesta sexta-feira (8) com o assassinato do ex-primeiro- ministro Shinzo Abe. O político de 67 anos foi baleado enquanto fazia um discurso de campanha na cidade de Nara.

A tristeza abalou fortemente o país que restringe seriamente as armas de fogo e raramente assiste a episódios de violência na política. Cidadãos ouvidos pela mídia se mostraram extremamente espantados que algo assim tenha acontecido no Japão.

O ex-premiê foi socorrido e levado de helicóptero a um hospital, mas não resistiu. Abe foi o primeiro-ministro mais longevo na história japonesa e governou o país em dois períodos, entre 2006 e 2007, e entre 2012 e 2020. Em 2006, aos 52 anos, se tornou o mais jovem primeiro-ministro do Japão.

No seu legado, o fortalecimento da economia do país, o fechamento de importantes acordos comerciais com Estados Unidos, União Europeia e países do Pacífico. Há também uma questão polêmica que Abe defendia, mas não conseguiu realizar: a revisão da Constituição pacifista do Japão, escrita após a Segunda Guerra, e que garantia que a nação derrotada não se envolveria mais em expansões militaristas.

Líderes mundiais lamentaram, ao longo desta sexta-feira (8), a morte Shinzo Abe, entre eles Jair Bolsonaro, Emannuel Macron, Joe Biden e Boris Johnson.

Um homem foi preso, suspeito do atentado. Segundo a imprensa local, trata-se de um ex-membro das Forças Armadas japonesas, que disparou uma arma de fogo artesanal contra Abe.

No Brasil, que tem uma longa história de amizade e intercâmbio com o Japão e abriga a maior comunidade japonesa fora do seu país de origem, a sexta-feira foi de tristeza e solidariedade ao povo que perdeu um de seus líderes mais queridos.

Os brasileiros vão lembrar sempre, com carinho, da manifestação bem humorada do ex-premiê na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio, em 21 de agosto de 2016. Abe se fantasiou de Mario Bros e marcou com criatividade e irreverência o momento da festa em que o Japão convidava o mundo para os jogos de Tóquio, que aconteceria em 2020, mas devido à pandemia foi adiado para 2021.

Diante desse triste acontecimento, o Brasil precisa fazer uma reflexão sobre esse episódio de violência durante campanha eleitoral no Japão e considerar que no nosso país a violência política vem crescendo e preocupa a visível tensão pré-eleitoral. Acende-se a luz de alerta para a necessidade de fortalecer os nossos valores democráticos e o respeito às constituições e livre expressão.

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