Nesta segunda-feira (23), o Brasil se deparou com mais um triste caso de violência: uma aluna foi morta e duas pessoas ficaram feridas na Escola Estadual de Sapopemba, zona leste de São Paulo. O atirador, de 16 anos, é aluno da instituição e entrou atirando, por volta das 7h30, sem que as vítimas, outros alunos e professores, pudessem se proteger do ataque.

Até junho deste ano, pesquisa do "Raio X de 20 anos de Ataques a Escolas no Brasil" apontava que 2023 foi o ano com mais casos deste tipo de violência, somando-se depois à estatística o ataque ao Colégio Estadual Helena Kolody, de Cambé, Região Metropolitana de Londrina, em que dois estudantes foram mortos em 19 de junho, num crime brutal.

No crime ocorrido nesta segunda-feira, o aluno do ensino médio chegou atirando para matar e alegou, desde o início das investigações, que sofria bullying por parte dos colegas da escola. Invariavelmente, isso tem sido alegado por vários atiradores, numa demonstração de que, além da segurança necessária para evitar esses ataques, uma causa mais subjetiva que a simples falta de policiamento ou vigilância tem levado pessoas a cometerem crimes bárbaros. Diante disso, pergunta-se qual seria o componente que abre caminhos para que atos brutais aconteçam em ambientes que reúnem jovens que deveriam estar ocupados com a preparação de seu futuro em vez de engendrar crimes e mortes.

Em todos os casos parece que a exposição à violência, a ponto de naturalizá-la, surge como fator que, se não é a causa, representa um forte estímulo a atitudes impensadas, algumas inclusive com o apoio de outros jovens que participam de uma espécie de ritual de morte em grupos virtuais. A violência é evocada como estímulo em toda a cultura de massa, desde os filmes - há décadas - até às redes sociais que surgem como fenômeno mais recente. Mas o consumo da violência só parece criar um gatilho psíquico naqueles que já sofrem de um tipo de perturbação que de repente explode em atos de vingança. A impressão é que os criminosos cultivam durante muito tempo seus ressentimentos, baixa autoestima e desejo de resolver suas frustrações através de atos tresloucados, pondo em risco pessoas pacíficas que se transformam em seu objeto de ódio.

Desta forma, tratar da saúde mental nas escolas é fundamental para combater a escalada da violência. Programas de saúde mental, como o aprovado recentemente na Câmara de Londrina, a partir de uma projeto da vereadora Lenir de Assis (PT), é um ponto de partida para tratar problemas disfarçados no dia a dia por situações para as quais não é possível prever os riscos oferecidos pela má saúde mental que parece ser, cada vez mais, o mal de nosso século.

Segurança não é apenas uma situação que se resolve com vigilância e armamentos, mas com prevenção e tratamentos que devem reduzir o gatilho da violência numa sociedade mal estruturada que parece adoecer cada vez mais cedo.

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