O PAI (Pronto Atendimento Infantil) tem sido notícia nas últimas semanas com problemas gerados pela falta de pediatras nos plantões. Primeiramente, pais e responsáveis por pacientes denunciaram períodos de longa espera por atendimento. Na sequência, a Guarda Municipal de Londrina passou a ser chamada com frequência pelos profissionais que trabalham na unidade e também pelos pais das crianças. Nesses casos, os ânimos se exaltavam por conta da insatisfação dos pais pela demora no atendimento.

No caso da segurança, a secretaria municipal de Defesa Social vai disponibilizar um GM (Guarda Municipal) para ficar no PAI das 14h à 0h. Quanto à falta de médicos nos plantões, a prefeitura de Londrina assinou um contrato emergencial com uma empresa da cidade para que sejam fornecidas horas médicas de pediatria. O vínculo terá duração de seis meses e inclui até 1.920 horas por mês, o equivalente a 20 pediatras a mais da escala.

O secretário de Saúde, Felippe Machado, acredita que a medida deve sanar os problemas recorrentes de “furos” nas escalas. O município irá desembolsar R$ 135 por hora médica trabalhada. O acordo foi firmado na terça-feira (3) e a empresa tem até a próxima terça (10) para ofertar os profissionais.

A média de atendimentos no PAI é alta, cerca 400 por dia. Segundo Machado, o Pronto Atendimento Infantil é o único serviço que tem pediatria disponível em toda a região. Ele também lembrou que a mudança de temperatura e a volta do convívio coletivo refletiram na saúde das crianças, surgindo mais casos de infecções e vírus, impactando na procura por atendimento médico.

Ainda segundo Machado, o problema da pediatria não é exclusivo do serviço público e hospitais particulares não conseguem manter a escala. Como disse o secretário, há uma dificuldade em manter e atrair os profissionais pediatras. Ele exemplificou que no chamamento público de 2017 foram abertas 9 vagas, 5 médicos foram contratos e só 2 continuam. Em 2020, das 19 vagas, 16 pessoas foram contratadas e nenhuma continua. Já em 2021, 4 vagas foram abertas e três contratados, que permanecem na função.

A razão da falta de pediatras nos hospitais e pronto-atendimentos pode estar na baixa remuneração e nas particularidades dessa especialidade, como a necessidade de estar constantemente disponível.

A prefeitura chegou a uma solução paliativa para o fechamento das escalas de atendimento no PAI. Mas a saída para essa crise da falta de pediatras envolve um trabalho mais complexo que vai além do município. O desinteresse de jovens médicos pela especialidade deve ser pensada pelas autoridades de saúde e pode passar por ações de valorização da profissão, principalmente no atendimento básico.

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