"Religião e política" não se discutem! A regra de ouro que tem salvado a paz nos almoços da casa dos tios e nos churrascos das empresas está mais esticada do que nunca. Nesse segundo turno das eleições a impressão que se tem é que a qualquer momento a situação pode ficar mais explosiva, principalmente quando esses dois temas se misturam: religião e política. E eles se misturaram mais explicitamente ainda a partir da finalização da apuração dos votos do primeiro turno em 2 de outubro, apontando que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) disputariam o cargo de presidente da República do Brasil.

A guerra nada santa entre alguns grupos de correligionários dos dois presidenciáveis pode até ter como pano de fundo debates sobre religiosidade, mas tem sido travado a base de muito fake news e desinformação envolvendo forças ocultas e cultos medievais. Há muitos pleitos não vemos a religião tão presente nas campanhas eleitorais como neste ano de 2022, fator que se potencializou nas propagandas e discursos do segundo turno.

A situação é preocupante, tanto que a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) veio a público nesta terça-feira (11), véspera do feriado da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, condenar o uso político da fé e da religião no segundo turno das eleições.

“Existe um tempo para cada coisa (Ecl. 3,1)", começa a nota da CNBB, informando que a entidade lamenta, "neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições". A CNBB ressalta que a manipulação religiosa "desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil."

A casa dos tios ou da avó é mais adequada que o templo religioso para travar o bom debate político e pedir votos para candidato do seu coração, tudo dentro do campo das ideias e do convencimento com argumentos. É bom quando podemos finalmente nos ver enquanto eleitores, religiosos, torcedores de futebol e poder falar sobre isso. Mas na hora certa e no local certo.

Obrigado por ler a FOLHA!