A cultura do café faz parte da história de Londrina e de todo o Norte do Paraná. E essa trajetória teve momentos de auge e uma queda importante. Foi da alegria das colheitas generosas e o apogeu dos anos 1940 aos 1960 à tristeza das terríveis geadas, como a famosa Geada Negra de 1975.

Em 2006, foi inaugurada uma nova era na vida dos cafeicultores. Com o apoio da então Emater, foi criada a Acenpp (Associação dos Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná). Pela primeira vez, a qualidade do grão colhido importava mais que a qualidade. A partir de então, um novo mundo de possibilidades se abriu para aqueles produtores.

Até os cafeicultores mais acostumados com o cultivo tradicional, e que se gabavam de ter um século de expertise na cultura, passaram a reconhecer as vantagens de adotar as novas práticas.

A experiência foi tão bem sucedida que em 2012 o café do Norte Pioneiro conquistou a certificação de Indicação Geográfica-IG. O selo representa melhores preços na comercialização do produto.

Com tantas conquistas e com uma produção consolidada, coube às mulheres do Bairro Matão, em Tomazina, darem um passo nesse processo de evolução e colocarem o Norte Pioneiro de vez na vanguarda da produção de cafés especiais.

Em maio de 2013, foi criado ali o projeto Mulheres do Café do Norte Pioneiro, como forma de incentivar as mulheres cafeicultoras da região a produzir café especial de alto valor agregado. E a diferença de preço realmente compensa. A saca de café especial tem um valor de 40% a 50% maior do que o tradicional, uma média de R$ 960 no café comum, e de R$ 2.400 no especial.

As cafeicultoras fecharam uma parceria com uma exportadora e comercializadora de cafés de Ourinhos (SP). No primeiro ano, o café especial de Matão foi exportado para Austrália, Estados Unidos e diversos países da Europa. Hoje, elas recebem turistas de várias partes do mundo interessados nas questões técnicas do café.

O projeto, coordenado pelo IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater) deu tão certo que hoje, uma década depois, abrange mais de 250 produtoras, distribuídas por 14 grupos no Norte Pioneiro: Curiúva, Figueira, Ibaiti, Japira, Jaboti, Pinhalão, Tomazina, Siqueira Campos, Salto do Itararé, Joaquim Távora, Carlópolis, São Jerônimo da Serra, Ribeirão do Pinhal e Nova Fátima. Estende-se também para região do Vale do Ivaí, em outros quatro municípios: Grandes Rios, Lidianópolis, Jardim Alegre e Ivaiporã.

E um diferencial do projeto Mulheres do Café do Matão é que, apesar de toda a família trabalhar, "a nota" é feita no nome da mulher, o que garante o protagonismo feminino na produção dos premiados cafés do Norte Pioneiro.

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