Um estudo divulgado nesta quinta-feira (29) pelo Instituto Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior) vem despertar a sociedade para um tema importante nestas vésperas do pleito eleitoral. A pesquisa, realizada com dados dos censos do Ensino Superior e da Educação Básica coletados pelo MEC (Ministério da Educação), mostra que o Brasil não tem conseguido atrair os jovens para a profissão docente. Pelos números do Semesp, mantendo-se o ritmo atual de formados em cursos de licenciatura, a educação básica do país pode enfrentar um déficit de 235 mil professores até 2040.

O resultado foi apresentado no Fórum Nacional de Ensino Superior, com a presença do ministro da Educação, Victor Godoy, que disse que a responsabilidade pela valorização da educação brasileira e dos professores não é exclusiva do MEC. “A educação brasileira é um grande sistema complexo. A responsabilidade não é exclusivamente do MEC ou das instituições de ensino ou das escolas públicas. É responsabilidade de toda a sociedade brasileira”, disse.

O estudo, intitulado “Risco de apagão de professores no Brasil”, identificou que, apesar do aumento de ingressantes nos cursos de licenciatura nos últimos dez anos, o número de concluintes não segue o mesmo ritmo.

O perfil das graduações mais procuradas na área e também dos alunos indica que o aumento de calouros é puxado por pessoas que já atuam em sala de aula.

Em 2010, o país tinha 298.390 ingressantes em cursos presenciais de formação de professores. Em 2020, o número caiu para 186.156.

No mesmo período, o número de ingressantes em cursos a distância triplicou no país, passando de 154.137 para 509.631. A cada dez estudantes que entram em graduações para a formação de professores, sete vão para a modalidade a distância.

O aumento nessa modalidade, em geral, não significa a futura ida de novos professores para a educação básica. Quem procura por esses cursos não são os jovens que acabaram de sair do ensino médio, mas sim pessoas mais velhas que estão em uma segunda graduação. Muitas vezes, professores que já trabalham em sala de aula.

Segundo o estudo, 58,3% dos concluintes de cursos de licenciatura responderam já atuar em sala de aula. Ou seja, a profissão não está atraindo novos interessados.

O estudo mostra ainda que o perfil do professor no Brasil está envelhecendo. De 2016 a 2021, o número de docentes com menos de 29 anos caiu 27,2% - passando de 341.660 profissionais para 248.745. Já o de professores com mais de 55 anos cresceu 44% no período, subindo de 182.502 para 263.425.

Não tem como contestar que a baixa atratividade da profissão de professor é reflexo da desvalorização da carreira e da área de educação, problema histórico no nosso país. Tanto que um relatório da OCDE, entidade que reúne países ricos, de 2018, indicou que o Brasil era a nação com a menor proporção de jovens de 15 anos que pensavam em seguir a profissão: apenas 2,4%.

Importante pensar em caminhos para reverter esse cenário. O Brasil precisa de professores que tenham vocação e paixão pela docência e que se sintam realmente valorizados pela profissão que escolheram.

Obrigado por ler a FOLHA!