A preservação da memória é essencial para a sociedade e as comunidades e o poder público devem se esforçar para manter as edificações históricas. Quando, por algum motivo infeliz, isso não é possível, temos os museus e todas as suas ferramentas para garantir que as informações estejam ao alcance das gerações futuras.

Os jornais também são instrumento importante de preservação da história e a Folha de Londrina sabe do seu papel na transmissão da memória do município e do Paraná. No último final de semana, o jornal trouxe a lembrança da quarta sala de cinema em Londrina. Inaugurado em 1940, O Cine Theatro Municipal tinha a tarefa de encher de sonho e magia o número 187 da avenida Rio de Janeiro, entre a avenida Paraná e a rua Sergipe, no Centro de Londrina.

Infelizmente, um incêndio ocorrido em 10 de novembro de 1975 destruiu o imóvel onde funcionou o quarto cinema da cidade. A primeira sala foi o Cine Teatro Nacional, inaugurada em 1933 na esquina da avenida Duque de Caxias com a rua Santa Catarina. A sala ficava em uma parte de uma pensão, que era improvisada como cinema.

No ano seguinte, 1934, Antônio Augusto Caminhoto passou a exibir filmes em uma máquina de arroz, na antiga rua Cambé, que depois se tornou rua Quintino Bocaiúva. Logo ele se mudou para o imóvel ao lado, criando o Cine Londrina. Quatro anos depois, em 1938, é criado o Cine São José (na rua Minas Gerais).

Embora o nome Cine Theatro Municipal possa dar a entender que tenha sido construído com verba do município, não houve investimento público no espaço. A razão social do Cine Theatro era Irmãos Nishiyama & Cia, os empreendedores do negócio. Quem ficava à frente da administração do espaço era Satoro Nishiyama. Além das sessões de cinema, havia apresentações musicais, festas e bailes de Carnaval.

Não é surpresa que o Brasil é péssimo exemplo de preservação de sua memória histórica e cultural. O incêndio que destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, no dia 2 de setembro de 2018, é um dos trágicos exemplos desse descaso. Naquele ano, o fogo consumiu o que era um dos maiores museus de história natural e antropologia das Américas.

Dois anos após o incêndio, o Paço de São Cristóvão, palácio que abrigava o Museu Nacional, está em reconstrução. A expectativa é que seja reaberto parcialmente em 2022, mas vai demorar muito para que as novas gerações conheçam o acervo que foi possível recuperar das ruínas.

Novas gerações - essa é a esperança. Precisamos preparar as crianças e jovens para que tenham mais amor e respeito pela memória do Brasil, uma tarefa que depende de educação e conscientização.

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