Ao reconhecer, com o Nobel da Paz de 2021, dois jornalistas que lutam pela liberdade de expressão e defesa dos direitos humanos, o Comitê Nobel Norueguês joga luz no trabalho da imprensa em todo o mundo, especialmente em um momento em que o jornalismo sofre ataques sistemáticos no sentido de calar seus profissionais e colocar em risco a democracia.

Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - Prêmio Nobel reconhece a imprensa livre como instrumento da paz

Os nomes de Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, foram anunciados pelo comitê norueguês nesta sexta-feira (8). Ressa é editora do site de jornalismo investigativo Rappler e foi presa pelo governo de Rodrigo Duterte, em 2019, acusada de violar uma legislação contra "difamação cibernética" por causa de uma reportagem em que acusava um empresário do país de atividades ilegais.

Muratov é cofundador e editor-chefe do Novaya Gazeta (novo jornal, em russo), um dos principais veículos de oposição ao governo de Vladimir Putin. O comitê norueguês descreveu o veículo como o mais independente da Rússia atualmente.

O trabalho dos dois jornalistas é reconhecido por profissionais de imprensa de vários países. Ressa já declarou que chegou a receber 90 mensagens de ódio por hora em sua conta do Facebook, incluindo ameaças de morte e de estupro.

E Muratov conseguiu manter o seu Novaya Gazeta independente apesar dos seis jornalistas do veículo mortos desde a fundação, em 1993. Aliás, a criação do periódico contou com dinheiro do prêmio Nobel da Paz que outro russo recebeu, o político Mikhail Gorbachov, em 1990.

A escolha de Ressa e Muratov foi justificada pelo comitê como um aceno à defesa das liberdades de imprensa e de expressão, "pré-requisitos para sociedades democráticas e a paz duradoura". "Esse prêmio não vai resolver os problemas que os jornalistas e a liberdade de expressão vêm enfrentando, mas joga luz sobre o trabalho dos jornalistas e o quão difícil é exercer a liberdade de expressão não apenas em regiões de conflito armado, mas em todo o mundo", disse a porta-voz do comitê Berit Reiss-Andersen.

Ressa é a 18ª mulher a ser escolhida para o Nobel da Paz desde que a distinção começou a ser entregue, em 1901. Três jornalistas já ganharam o Nobel da Paz. O último foi o alemão Carl von Ossietzky, em 1935, por revelar o programa secreto de rearmamento de seu país no pós-guerra.

Simbolicamente, esse Nobel vem mostrar que jornalismo é um mecanismo de paz e reconhece a importância da imprensa para a democracia.

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