A ANJ (Associação Nacional de Jornais) decidiu conceder à própria atividade jornalística o prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2020. A homenagem tem um significado forte neste ano em que o jornalismo precisou se reinventar para vencer as condições adversas de levar informação à população durante a pandemia do novo coronavírus e também driblar o ambiente propício de proliferação de desinformação.

Foi uma inovação, pois as premiações anteriores sempre homenageavam pessoas ou instituições que se destacaram no campo da liberdade de imprensa. Já receberam a honraria Carlos Ayres Britto (ex-ministro do STF), a Sociedade Interamericana de Imprensa, Diario Clarín (Argentina), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Míriam Leitão (jornalista), entre outros.

A associação justificou a homenagem ressaltando a atuação dedicada e corajosa em defesa da democracia, das liberdades, da verdade e da pluralidade de pensamento.

A impossibilidade de um evento presencial acabou sendo oportunidade para uma premiação conceitual. Assim como em outras atividades, a pandemia obrigou as redações a se reorganizarem em uma forma de trabalho bastante diferente do tradicional exercício do jornalismo, com editores, repórteres e colunistas que fazem parte do grupo de risco longe do clima agitado das redações. Assim como os funcionários das gráficas que imprimem os jornais e demais setores. O jornalismo é essencial para o dia a dia do cidadão.

O ex-ministro do STF Celso de Mello, que acabou de se aposentar, foi homenageado em 2019. Em seu discurso, o magistrado lembrou que o prêmio chegou em um momento em que “vozes autoritárias em nosso país se insurgem contra a liberdade de expressão, que representa e se qualifica como um pressuposto necessário e essencial à própria configuração do regime democrático”

A honraria vem em boa hora pois chama atenção da população para as tentativas diárias de silenciar o jornalismo profissional em todo o mundo e desvalorizar a atividade. Liberdade de expressão e democracia caminham juntas. Não há democracia que sobreviva em um país com uma imprensa fraca.

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