Se a semana passada terminou de forma agitada na política, como o editorial da Folha de Londrina demonstrou na edição do fim de semana (23 e 24), o cenário tenso continua nestes dias por conta do desenrolar dos acontecimentos envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e o fenômeno da desinformação.

Ao derrubar a live do presidente, transmitida na última quinta-feira (21), em que o político associava a vacina contra a Covid-19 à Aids, o Facebook e o Instagram tomaram uma atitude inédita em relação ao mandatário do país, que foi seguida pelo Youtube. O canal de compartilhamento de vídeos justificou que a remoção do conteúdo se deu “por violar as nossas diretrizes de desinformação médica sobre a Covid-19 ao alegar que as vacinas não reduzem o risco de contrair a doença e que causam outras doenças infecciosas”.

A decisão das redes sociais de derrubar a live de Bolsonaro repercutiu no noticiário internacional. Entre os jornais que abordaram o tema estão o americano Washington Post e o inglês The Guardian. Nos Estados Unidos, a medida tomada pelo Facebook tem mais peso do que em outros países porque neste momento o dono dessa plataforma e do Instragram, Mark Zuckerberg, enfrenta acusações de uma ex-funcionária dando conta de que o Facebook foi usado em benefício próprio em detrimento do público e que a rede social deixou sua integridade cívica de lado ao omitir sobre desinformação e fake news nas últimas eleições presidenciais americanas.

A live polêmica de Bolsonaro repercute em uma semana tumultuada para o presidente, justamente porque o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) começou a julgar nesta terça (26) as ações que pedem a cassação da chapa que elegeu Bolsonaro e Mourão baseadas em denúncias de abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação ao, supostamente, se beneficiar do disparo em massa de mensagens de WhatsApp nas eleições de 2018.

Nos bastidores do TSE, ministros da Corte disseram a repórteres de veículos de imprensa nacionais que são pequenas as chances de a chapa ser cassada. Mas é preciso que os políticos e a população tenham um aprendizado sobre desinformação a partir de toda essa exposição que o tema ganhou nos últimos dias.

Há fortes Indícios de que as redes sociais foram usadas para proliferação de desinformação nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 e também no referendo do Reino Unido pelo Brexit, no mesmo ano. Em 2016, as plataformas demoraram um pouco para agir em relação ao combate às fake news, mas acordaram de forma mais contundente quando a desinformação sobre a Covid-19 começou a pipocar nas mensagens e posts no ano passado.

Mas há muito ainda o que fazer e no caso do Brasil essas gigantes da tecnologia da informação já deveriam ter formado uma comissão para trabalhar especificamente a prevenção do compartilhamento de fake news para as próximas eleições.

Obrigado por ler a FOLHA!