A importância do trabalho de profissionais da área da saúde está em evidência desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil. Médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, entre outros, foram e são essenciais para garantir o atendimento em momentos de crise, inclusive quando o sistema de saúde de muitas localidades do país praticamente entrou em colapso.

O reconhecimento veio recentemente, com a sanção do novo piso salarial da enfermagem, de R$ 4.750. O novo valor começa a valer já em setembro, tanto para estabelecimentos públicos de saúde quanto para os filantrópicos e os da rede privada. Técnicos devem receber 70% desse valor, e auxiliares e parteiros, 50%.

O impacto dessa mudança na remuneração de profissionais tão importantes, no entanto, é alvo de preocupação de gestores de hospitais. O impacto, de acordo com estimativa feita pela CMB (Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas), será de quase R$ 500 milhões no Paraná.

O levantamento aponta que, em todo o país, o número chega a R$ 6,3 bilhões, sendo que em ao menos 11 estados, a folha de pagamento dos profissionais de enfermagem deve mais que dobrar. O reajuste traz preocupação às instituições filantrópicas, já que não há indicação de fonte de recurso para custear o novo valor.

Não há dúvidas de que os profissionais merecem ser bem pagos. O levantamento aponta, porém, que, em todo o país, o número chega a R$ 6,3 bilhões, sendo que em ao menos 11 estados, a folha de pagamento dos profissionais de enfermagem deve mais que dobrar. A preocupação deve ser grande entre os pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde). O cenário de instabilidade ocorre pelo risco de demissão de profissionais para que os estabelecimentos possam fechar as contas.

"Não sabemos o que vai acontecer a partir do dia 5 de setembro. Algumas instituições vão ter que cortar os custos com serviço, pessoal ou com os dois. Isso é crítico e irá repercutir no SUS. No país, há 800 municípios em que o único hospital de assistência é filantrópico. Nós alertamos aos deputados e senadores que não conseguiríamos arcar com esse custo se não houvesse uma fonte de custeio definido", diz Mirocles Campos Véras Neto, presidente da CMB.

A entidade ressalta que os repasses do SUS não cobram nem 40% dos valores gastos nos procedimentos dos hospitais. Quem está financiando a saúde pública são as nossas entidades filantrópicas, nos endividando para conseguir manter a nossa missão", diz Véras Neto. Por isso, é necessário que os governos aumentem o investimento na área, uma vez que saúde pública de qualidade é feita com hospitais equipados, unidades de saúde eficientes e profissionais bem remunerados.

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