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. | Foto: Isaac Fontana/ Framephoto/ Folhapress

O Brasil tem o privilégio de contar com cerca de 225 nações indígenas, além de tribos que ainda não foram contatadas. Aproximadamente, 0,4% da nação brasileira é formada por indígenas, o que corresponde a 800 mil vivendo no País, um número muito pequeno, tendo em vista de que se trata dos povos originários que chegaram até o século 21 passando por todo tipo de extermínio. A questão indígena no Brasil é uma das lutas mais importantes a serem apoiadas por todos os que têm a noção de cidadania. Mas quase nunca a teoria corresponde à prática.

Falar dos indígenas é lembrar que suas terras são as que têm florestas mais preservadas e também as mais invadidas por grileiros, madeireiros e garimpeiros, estimulados pelas políticas do lucro a qualquer preço. Falar dos índigenas é lembrar que as lutas por sua preservação e cultura não é assunto exclusivo das tribos, mas de todos os brasileiros que deviam se orgulhar do fato de ainda compartilharmos línguas e culturas que dão um banho de ideias e conceitos em civilizações predatórias.

Falar dos índigenas é se lembrar de que eles não vivem apenas nas florestas e fronteiras distantes do norte e cento-oeste do País, mas estão aqui mesmo, em nossa vizinhança, seja na reserva do Salto do Apucaraninha ou em São Jerônimo da Serra.

Por isso, quando acontecem solenidades como a entrega de tablets nesta quarta-feira (24), na Câmara Municipal de Londrina, para que os índigenas façam um curso de Ensino à Distância (EaD), previsto por um programa de bolsas ofertadas pelo governo do Estado - em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UFPG) - que servirá para documentar e valorizar sua cultura, tomamos consciência de que nem tudo está perdido. Este projeto está em matéria publicada pela FOLHA nesta quinta-feira.

Outro apoio importante é o da Secretaria da Cultura de Londrina com o projeto "Londrina Cultura Faz História" que vai reunir vídeos feitos pelos indígenas para que a memória de nossa região não se perca, transformando o que seria a invisibilidade num ato de identificação e reconhecimento.

De projeto em projeto, de memória em memória, é possível tecer o grande mosaico da cultura regional que não é só só feita da civilização que veio com as origens urbanas, mas com as civilizações que estavam aqui muito tempo antes e que conhecem nossos rios, nossa fauna e flora. Um conhecimento que não estará perdido se olharmos com afeto e respeito para os povos originários, um privilégo nacional e não um problema a ser extirpado. Uma nação só é grande quando preserva suas raízes, numa sustentação integral de sua cultura, e isso também deve ser levado em conta aqui mesmo, na vizinhança.

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