Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - Os gargalos econômicos da reciclagem
| Foto: iStock

Não há como se pensar em um futuro sustentável sem um sistema de reciclagem que funcione. A coleta seletiva teve avanços no Brasil ao longo das décadas, porém, ainda fica muito longe do aceitável. A estimativa do sistema é que o potencial de materiais recicláveis em 2019 foi de 19,5 milhões de toneladas, ou 30% do total de lixo produzido no País. Entretanto, apenas 5,3% (1,04 milhão de toneladas) desse montante foi recuperado.

O desafio de fazer a cadeia funcionar é enorme. Começa na educação ambiental, em estimular a população a separar o lixo corretamente. Depois, é preciso ter uma rede robusta de coletores e separadores, geralmente organizados em cooperativas. Para que elas sejam viáveis, é preciso que os materiais valiosos cheguem ao destino final, o que muitas vezes não ocorre, pois terminam na mão de atravessadores.

Diante de todas as dificuldades, há de se pesar também a questão econômica. Muitos dos materiais não têm saída fácil. Técnicos da área explicam que muitos materiais utilizados pela indústria são importados, de baixa qualidade e difíceis de serem recuperados no processo de reciclagem.

Há também os tipos de embalagem que não contam com cadeia de reciclagem em determinadas regiões do país. O plástico metalizado que acondiciona salgadinhos e ovos de Páscoa é um exemplo. As cooperativas contam que não há interesse das empresas na recuperação deste tipo de material.

Outro caso é o do vidro. O custo do reciclado é mais alto que o do virgem. Também entra na conta os gastos com a logístico. O vidro coletado em Londrina vai parar em Porto Ferreira, cidade de São Paulo a cerca de 430 Km de Londrina. Segundo o diretor presidente da Vidroporto, indústria de embalagens de vidro que recebe caco de vidro reciclado em Porto Ferreira (SP), existem apenas nove cidades em todo o Brasil com plantas que produzem embalagens de vidro.

Em reportagem publicada nesta edição da FOLHA, Ana Claudia Duarte Pinheiro, docente do departamento de Direito Público da UEL (Universidade Estadual de Londrina) lembra que a responsabilidade pela reciclagem não é somente do poder público, da iniciativa privada ou dos cidadãos. É da coletividade.

Em meio a tantas mudanças tecnológicas, é preciso lembrar que cada um precisa fazer sua parte para que o mundo do 5G, dos carros elétricos, das entregas por drones, não seja também o mundo das cidades imersas em grandes montanhas de resíduos sólidos.

É um prazer ter você como nosso leitor!

mockup