EDITORIAL - Operação ZR3 e mudança de zoneamento
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sexta-feira, 02 de setembro de 2022
Folha de Londrina
Quatro anos depois da deflagração da Operação ZR3, a justiça condenou os 13 réus denunciados pelo MP (Ministério Público) por supostamente participar de uma organização criminosa a fim de exigir propina para aprovação de projetos de lei para mudança de zoneamento na Câmara Municipal de Londrina.
Então vereadores e supostos líderes do esquema, Mario Takahashi (PV) e Rony Alves (PTB) foram condenados a sete e nove anos, respectivamente, mas sempre negaram o suposto pedido de propina para empresários nas tratativas dos projetos de leis. Cabe recurso de todos os réus no TJ (Tribunal de Justiça).
Além dos ex-parlamentares, ex-agentes públicos e empresários foram condenados. O juiz acatou argumentos e provas do MP dos 15 fatos criminosos narrados na denúncia que demonstrariam que os agentes "se organizaram de forma estruturalmente ordenada para o cometimento de crimes contra a administração pública (notadamente corrupção), com o intento de obterem indevidas vantagens financeiras".
A Operação começou a partir de uma denúncia de um proprietário de área na Gleba Lindoia (zona leste), que tentava vender o terreno da sua família para uma empresa interessada na construção de um condomínio residencial, mas esbarrava na lei de zoneamento. A área estava localizada em uma zona industrial e, portanto, inviabilizava qualquer construção residencial. Assim, era necessário que a área se transformasse numa ZR3 (zona residencial três).
De acordo com o Gaeco, inicialmente, em 2013, o denunciante afirmou que a propina para que o processo caminhasse pela Câmara teria sido estipulada em R$ 1 milhão.
Depois do escândalo, a Câmara adotou algumas medidas administrativas para evitar o surgimento de novas ilegalidades, como a exigência que sete parlamentares assinassem projetos de mudança de zoneamento.
É preciso que os parlamentares e o poder executivo municipal tenham um olhar bastante criterioso sobre projetos que envolvem zoneamento urbano e que a população acompanhe a discussão desses temas. Uma oportunidade já está batendo na porta. Em 17 de setembro, uma audiência pública na prefeitura debaterá a nova Lei do Perímetro Urbano de Londrina. É um ótimo momento para o cidadão expor suas ideias e preocupações.
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