Um atleta olímpico é uma pessoa que tem habilidades físicas difíceis de encontrar em cidadãos comuns. É por isso que as Olimpíadas chamam tanta atenção: todo o mundo esperando as quebras de recordes e o desempenho dos "super-homens" e "mulheres maravilhas", pelo menos é assim que os "pobres mortais" costumam defini-los.

Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - O que Biles tem a nos ensinar
| Foto: Loic Venance/AFP

Mas o que acontece quando a grande estrela da competição, aquela cuja expectativa apontava para ser a maior atleta dos jogos, decide abandonar as provas abrindo para o público o que muitos consideram uma "fraqueza"?

Foi isso o que aconteceu com a atleta Simone Biles, dos Estados Unidos, fenômeno da ginástica artística, considerada a melhor uma das melhores da história do esporte. Para se ter uma ideia da grandiosidade de seus feitos, a moça de 24 anos tem no currículo quatro movimentos com o nome dela, porque foi ela quem os criou.

Nos Jogos Olímpicos de 2016, Biles ganhou quatro medalhas de ouro e uma de bronze. Imagine a expectativa e a pressão para a atleta que chegou a Tóquio como a favorita para cinco das seis medalhas de ouro da categoria.

Aos jornalistas, Biles poderia ter justificado a saída precoce das provas alegando um problema físico. Mas a atleta disse que tinha que cuidar da saúde mental. Certamente, um grande ato de coragem dela e da equipe americana que a apoiou, pelo visto, incondicionalmente. Luta-se tanto pelos limites do corpo e a mente também tem seus limites.

A decisão de Biles levantou a discussão sobre a saúde mental dos atletas. Chegar a Tóquio foi difícil para todos os participantes, após adiamento e as dificuldades de treinamento em meio à pandemia da Covid-19.

Há uma idealização dos atletas por parte da sociedade como se eles fossem super-heróis. Mas, acima de tudo, é um ser humano que precisa estar saudável física e emocionalmente.

Antes de Biles, a tenista japonesa Naomi Osaka falou claramente sobre a sua saúde mental após desistir de competir no torneio de Roland Garros, um dos principais do calendário desse esporte. Ela revelou sobre o sofrimento que atravessava com “enormes ondas de ansiedade” e “longos surtos de depressão”.

Tomara que a revelação de Biles e Osaka ajudem a diminuir o preconceito da sociedade contra as pessoas que sofrem de depressão e outros transtornos mentais. São relatos fundamentais para acabar com estigmas que acabam sendo mais nocivos que a própria doença.

Obrigado por ler a Folha!