Muito se tem falado sobre hábitos de higiene para combater a proliferação do coronavírus. Lavar as mãos é a primeira grande defesa contra o inimigo invisível que já matou quase 300 mil pessoas no Brasil e também contra outras doenças contagiosas.

Mas o dia internacional da água, comemorado nesta segunda-feira (22), exigiu uma reflexão. Como podemos pedir que as pessoas lavem bem as mãos para evitar a Covid-19 se uma parcela importante da população não tem acesso à água potável?

Os motivos para essa situação são vários. Os padrões de consumo, o crescimento desordenado, as ocupações irregulares e as alterações climáticas interferem no fornecimento desse bem tão precioso para a vida.

Em 2019, 83,7% dos brasileiros recebiam água tratada em casa. O Brasil está percebendo um avanço nesses índices, mas bastante gradual.

Essas informações fazem parte do Ranking do Saneamento, divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados.

Segundo o estudo, no Brasil quase 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada, sendo 5,5 milhões nas cem maiores cidades brasileiras. Quando se observa a coleta de esgoto, os números são ainda piores. Nos maiores municípios, 21,7 milhões de habitantes não são atendidos por esse serviço.

O Brasil ainda não trata metade dos esgotos que gera (49%), o que representa despejar na natureza, todos os dias, um volume equivalente a 5,3 mil piscinas olímpicas de dejetos sem tratamento. Nas cem maiores cidades brasileiras, em 2019 descartou-se um volume correspondente a 1,8 mil piscinas olímpicas diárias.

No Paraná, algumas cidades têm motivo para comemorar. É o caso de Maringá, onde os índices de saneamento básico mostram que o município vem evoluindo ano a ano na oferta dos serviços de água e esgoto. Tanto que conquistou a segunda colocação no ranking, ficando atrás de Santos, no litoral paulista. Em 2019, Maringá ocupava a quarta colocação e, no ano passado, figurava em terceiro.

Segundo o levantamento realizado pelo Instituto Trata Brasil, 99,99% dos moradores de Maringá têm acesso à água tratada, sendo 100% da população da zona urbana. Em relação à coleta de esgoto, o serviço está disponível a 99,98% dos habitantes, atendendo 99,99% da área urbana. O indicador de esgoto tratado por água consumida é de 100%.

A falta de um planejamento para o saneamento acaba refletindo na saúde e também na economia, meio ambiente e desenvolvimento social. O país tem plano de atingir a universalização dos serviços de água, esgoto e lixo até 2033. Como tantos outros programas brasileiros, sabemos que será difícil alcançar a meta no tempo pretendido.

Obrigado por ler a FOLHA!