A queda de quase 4% no preço da cesta básica em Londrina, registrada em abril pelo NuPea (Núcleo de Pesquisas Econômicas Aplicadas) da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), é um alento pontual para o bolso do consumidor. O recuo, contudo, ainda não é suficiente para uma comemoração mais entusiasmada por parte do cidadão, pois o custo de vida continua alto.

Após o pico observado em março, a retração no valor — que passou de R$ 660,31 para R$ 634,01 — indica uma oscilação natural de mercado, fortemente influenciada pela sazonalidade de alimentos in natura, como o tomate e a banana, que lideraram as quedas com recuos de 33,4% e 26,8%, respectivamente.

Na outra ponta, entre os itens que ficaram mais caros de um mês para outro, estão a batata (46,3%), a farinha (13,5%), a margarina (6,6%), o feijão (6,1%), o café (5,9%), o óleo (3,4%), o açúcar (1,5%) e o leite (1,4%).

Em abril, a carne, o produto com maior peso no preço final da cesta básica, ficou estável, com variação positiva de apenas 1%. Na média, o preço do quilo da carne ficou em R$ 42,67. Em março, a mesma quantidade do produto custava R$ 42,23.

O preço mais baixo encontrado foi R$ 33,87 e o mais alto, R$ 49,99. Para fazer o levantamento, os pesquisadores utilizam como referência o coxão mole, em peça ou fatiado, dependendo do que estiver mais em conta.

O valor de R$ 634,01 é a média obtida a partir dos preços registrados em 11 supermercados de Londrina, distribuídos em todas as regiões. Caso o consumidor percorresse as 11 lojas e comprasse em cada uma delas os itens com melhor preço, a mesma cesta custaria R$ 463,05 e a economia seria de 27%.

Essas oscilações apontam para a complexidade da cadeia de abastecimento e como a inflação dos alimentos impacta o dia a dia da população, principalmente para aqueles que recebem salário mínimo.

Segundo a pesquisa realizada pela UTFPR, em abril, 41,8% da jornada mensal de um trabalhador formal foi necessária apenas para cobrir o custo da cesta básica. Ou seja, as famílias de baixa renda veem boa parte de seus rendimentos comprometida com os produtos essenciais.

A pesquisa reforça ainda a importância da prática da comparação de preços. A diferença de até R$ 170,96 entre o menor e o maior valor encontrado para a mesma cesta — dependendo do estabelecimento — comprova a disparidade de preços entre supermercados da cidade. Mas optar por comprar os itens mais baratos em diferentes lojas exige tempo e planejamento, tarefa nem sempre possível para a maioria dos trabalhadores.

O recuo no preço da cesta básica é bem-vindo, mas o país precisa de políticas públicas voltadas à segurança alimentar e o combate à inflação dos alimentos deve ser prioridade para que a cesta básica não seja um fardo no orçamento das famílias brasileiras. 

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