EDITORIAL - O café especial de Apucarana
O Brasil não quer apenas de ser o maior produtor e exportador de café em quantidade. O país também busca pela melhor qualidade
PUBLICAÇÃO
sábado, 15 de fevereiro de 2025
O Brasil não quer apenas de ser o maior produtor e exportador de café em quantidade. O país também busca pela melhor qualidade
Folha de Londrina
Por quase 100 anos, entre meados do século XIX e meados do século XX, o café foi a principal riqueza do Brasil e grande produto de exportação nacional. Mesmo perdendo a coroa para outras culturas agrícolas, como a soja, o fruto da árvore originária da Etiópia, que percorreu um longo caminho para chegar aqui, continua importante na economia e na cultura do brasileiro.
O Brasil continua sendo o maior produtor de café do mundo, seguido de longe pelo Vietnã. Na sequência, vêm Colômbia, Indonésia, Etiópia, Índia e Honduras. Os sete países são os responsáveis por colocar no mercado grande parte dos grãos que, após torrados e moídos, se transformam na segunda bebida mais consumida no mundo, perdendo apenas para água.
Mas é claro que o Brasil não quer apenas de ser o maior produtor e exportador de café em quantidade. O país também busca pela melhor qualidade e o Paraná vem se sobressaindo nessa área, a dos cafés especiais.
Tanto que após a região paranaense do Norte Pioneiro conseguir a IG (Indicação Geográfica) para café especiais, é a vez do município de Apucarana, no Norte do Estado, pleitear o selo para o Café da Serra de Apucarana.
Com a condição que reconhece a autenticidade e a qualidade dos grãos produzidos no município, a expectativa dos produtores de Apucarana é agregar valor ao produto e atrair a atenção de compradores nacionais e internacionais. Hoje, a cidade é a quinta maior produtora de café do Paraná, com uma área cultivada de 1.100 hectares e uma produção anual de 2.376 toneladas.
Segundo o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), a IG pode aumentar o valor de um produto em até 50% ao estabelecer um vínculo entre o produto e sua região de origem e reconhecer os esforços e os investimentos de uma comunidade para distinguir aquilo que ela faz de melhor.
O café da Denominação de Origem “Serra de Apucarana” é cultivado em altitudes entre 700 e 950 metros, em solo vulcânico, clima de chuvas regulares e ventos constantes, que influenciam nas características sensoriais.
A produção é realizada com mão de obra familiar e usa sementes da própria região, com colheita cuidadosa. A bebida, feita a partir dos grãos, tem como características o sabor frutado - frutas amarelas e vermelhas -, com notas de melaço, além de uma acidez típica e equilibrada. A estimativa é que a cidade concentre 250 produtores de café.
O Paraná tem 16 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI. É o segundo estado brasileiro em número de indicações geográficas, perdendo apenas para Minas Gerais, que tem 21. É seguido pelo Rio Grande do Sul, com 14 registros. Além de Apucarana, há outros 10 pedidos de municípios ou regiões paranaenses de reconhecimento de indicação geográfica tramitando no INPI, sendo um deles, de Mandaguari, também para café.
A conquista da IG por um município é um processo complexo e detalhado, mas que vale a pena buscar, pois o selo ajuda no desenvolvimento econômico regional ao mesmo tempo em que contribui para a preservação do patrimônio cultural, estimula o turismo e torna esses municípios locais de referências.
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