Em muitos países, principalmente os de Primeiro Mundo, o tratamento às pessoas que se aposentam é respeitoso e oferece dignidade para quem trabalhou por décadas. Não é o que ocorre no Brasil, no que diz respeito àqueles que contribuíram para a Previdência Social. Para começar, há a burocracia e o tempo de espera para concessão do benefício a partir do momento que o contribuinte tem direito ao merecido descanso. Depois, o valor e os reajustes que não cobrem os gastos mensais de quem vê o preço do plano de saúde aumentar com a velhice e os gastos de remédios extrapolarem qualquer planejamento.

Para a maioria dos aposentados brasileiros que recebe um salário mínimo viver implica em esticar a pensão que termina antes do dia 30 de cada mês. Muitos têm que recorrer à família, buscar um emprego para complementar a renda e alguns não conseguem sair de uma situação de miserabilidade.

Não deveria ser surpresa, então, a divulgação de um relatório feito pela consultoria de investimentos Natixis, em que o Brasil apareceu como o segundo pior lugar para se aposentar em um ranking global com 44 países, ficando atrás apenas da Índia.

O estudo cruzou diferentes dados relativos a saúde, qualidade de vida, inflação e bens materiais para chegar ao resultado final. Em contrapartida, os melhores locais para se aposentar, segundo o índice, são Noruega, Suíça, Islândia, Irlanda e Austrália.

O primeiro país das Américas a aparecer no ranking, o Canadá, ocupa a 15ª posição; entre os latinos, o Chile aparece em 34º. "Custos crescentes podem representar uma ameaça significativa para a segurança dos aposentados por erosão do poder aquisitivo. Institucionalmente, os investidores serão desafiados a preservar os ativos de forma mais volátil no ambiente de investimento", diz a análise feita pelo próprio relatório.

No Brasil, a pior nota foi atribuída ao acúmulo de bens materiais. Os países latinos que apareceram na pesquisa estão todos entre os dez piores locais quando o tópico é a quantidade de bens materiais na fase idosa. O país também aparece em penúltimo, perdendo para a Rússia, para a análise do valor da aposentadoria média obtida.

O relatório acende uma luz e pede atenção da sociedade para refletir sobre esses dados e levá-los para o debate em torno das propostas que os candidatos que concorrem a um cargo público, nas próximas eleições, têm quanto a uma política pública que ampare o aposentado brasileiro.

Você já procurou saber qual o programa dos aspirantes aos postos de presidente, governadores e parlamentares para garantir os direitos básicos dos idosos e um salário justo para sobrevivência? Ainda dá tempo para pesquisar.

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