O movimento de países emergentes que pede a suspensão de direitos de propriedade intelectual sobre as vacinas contra Covid-19 ganhou um aliado de peso. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu apoiar a suspensão de direitos de propriedade intelectual sobre as vacinas contra o novo coronavírus. A proposta é liderada pela Índia e África do Sul e foi apresentada à OMC (Organização Mundial do Comércio), entidade que pode permitir a quebra de patente dos imunizantes.

No ano passado, o governo Bolsonaro foi na mesma linha do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e se manifestou contrário à quebra das patentes do imunizante.

Por que a suspensão compulsória das patentes das vacinas contra a Covid-19 é tão importante a ponto de que o país mais poderoso do mundo, onde estão localizadas grandes empresas farmacêuticas, se juntou às nações mais pobres? A resposta é simples: para acelerar a vacinação em massa em todo o mundo.

Com a suspensão, os países em desenvolvimento, que estão atrás na corrida pela imunização, conseguem facilitar a transferência de tecnologia e produzir as vacinas.

O argumento de que as patentes seriam necessárias para incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de medicamentos não tem encontrado apoio até em países ricos. A série crise de saúde global é uma situação extraordinária e que precisa de decisões extraordinárias.

Biden sofreu forte pressão para apoiar os emergentes. Ele recebeu uma carta assinada por 60 ex-presidentes, incluindo Fernando Henrique Cardoso, e 100 vencedores do Prêmio Nobel, pedindo a quebra dos direitos de propriedades.

Ainda há que se levar em conta de que muitas pesquisas que ajudaram no desenvolvimento de imunizantes foram financiadas por governos, ou seja, com dinheiro público, como foi o caso dos Estados Unidos.

A Covid-19 matou mais de três milhões de pessoas no planeta e a concentração da vacinação em países ricos não colabora para o fim da pandemia.

O apoio dos EUA construiu um dia histórico no combate à pandemia e mostrou que os países precisam chegar a um acordo para acelerar e expandir o acesso de todos às vacinas.

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