O Brasil passa por um dos momentos mais difíceis de sua história recente. Depois de conviver por dois anos com a pandemia da Covid-19 e, graças à vacinação, começar a sentir certo alívio, outras questões merecem ser colocadas no centro dos debates, principalmente quando se caminha para um ano eleitoral.

Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - O acinte do Congresso às vésperas das eleições
| Foto: Pedro França/ Agência Senado

Enquanto as pesquisas apontam possíveis resultados para as eleições presidenciais, bem pouco se fala das ações do Congresso Nacional, a não ser para andar em círculos com notícias que nem caberiam numa situação tão dramática quanto a vivida nos últimos meses pela população.

Então se pergunta qual a resposta concreta do Congresso à situação de miserabilidade em que vivem as camadas menos favorecidas? Qual o exemplo do Congresso quando se noticia que os mais pobres buscam ossos para se alimentar no País que tem orgulho de seus índices de exportação de alimentos?

Tudo o que se viu nos últimos meses foi o empenho máximo para se aprovar R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral sem constrangimentos; também não se ouve falar de outra coisa tão importante do que os mais de R$ 16 bilhões destinados às chamadas emendas do relator. Sem contar o chamado orçamento secreto que faz sombra a qualquer tentativa de transparência dos gastos públicos no País.

No momento em que boa parte da Bahia e Minas Gerais submergem pelas fortes chuvas, o que se vê são altos representantes do País divertindo-se em balneários em águas bem mais tranquilas. Enquanto isso, só nesta terça-feira (28), os deputados baianos reuniram-se com o presidente do Congresso, Arthur Lira, para "cogitar a criação de um fundo para socorrer catástrofes", depois que pelo menos 20 pessoas morreram e cerca de 50 mil estão desabrigadas só na Bahia.

Não é de hoje que o Brasil sofre as consequências das chuvas de verão. Desastres parecidos ocorrem a cada ano para depois cairem no esquecimento que não prevê orçamentos, além dos secretos, para evitar perdas que envolvem vidas das camadas mais pobres.

Nos estertores de um ano pré-leitoral, passou da hora dos brasileiros pensarem em quem irão votar não só para presidência da República, mas quem vão eleger para o Congresso e o Senado, responsáveis pela legislação em primeira e última instância. Os recursos que irrigam orçamentos de estados e municípios não podem servir quase exclusivamente ao "toma lá dá cá" que tem sido a regra da política nacional.

Um deputado ou senador deve servir primeiro a seu povo e deixar isso claro antes de legislar em causa própria. Isso significa ter verbas para enchentes ou desastres antes que eles ocorram e , a exemplo do que fazem no momento veículos de imprensa, ONGs e até artistas, preocuparem-se sinceramente em acudir os necessitados.

Que o povo brasileiro saiba escolher suas lideranças em 2022 e isso não significa apenas ser tomado de paixão sobre "quem será o presidente", mas ter critérios para escolher, de ponta a ponta, quem tem capacidade e lealdade para representar os anseios e as necessidades do País. Não custa lembrar que as demandas do Brasil são enormes e requerem verdadeiros líderes.

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