Enquanto no Brasil ainda se discute a eficácia das vacinas contra o coronavírus, uma notícia desafia a ciência: a descoberta de novas cepas do vírus em países da Europa e também na Austrália. A constatação não é nova, em maio cientistas já davam conta da descoberta. Mas agora o anúncio vem acompanhado de um dado preocupante: variantes do vírus já teriam sido encontradas no Reino Unido, Itália, Espanha, Suíça e na Austrália, o que mostra que a nova cepa já atravessou continentes.

Esta semana, o primeiro país a dar o alerta foi o Reno Unido onde medidas rígidas de prevenção já tinham voltado a ser adotadas um dia antes do anúncio oficial da descoberta nesta segunda-feira (21). O dado mais preocupante é que a nova cepa é cerca de 70% mais contagiosa que o coronavírus já conhecido. Alguns países europeus já restringiram voos que saem ou chegam do Reino Unido, o Brasil ainda não anunciou nenhuma restrição neste sentido. Mas na América Latina, Argentina, Colômbia, Chile e Peru já restringiram voos e a entrada de pessoas vindas dos países britânicos. Nações asiáticas como Japão e Coreia do Sul também estão monitorando a nova cepa enquanto combatem um novo surto de infecções em casa.

Aqui, as autoridades sanitárias ainda estão às voltas com a desconfiança de parte da população, inspirada pelo governo, que coloca em xeque a eficácia das vacinas. Há uma discussão em torno de qual seria a mais eficiente e um preconceito flagrante contra a CoronaVac - produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o labortáorio chinês Sinovac. Nada indica que o preconceito seja procedente, na realidade, outras vacinas produzidas no Brasil já usam insumos da China, assim como uma quantidade expressiva de medicamentos utilizados ela população.

Politização à parte, todas as vacinas em teste têm uma eficácia parecida que varia entre 90 a 95%. E essa discussão deveria ser superada tendo em vista que parece cada vez mais urgente que a população brasileira se vacine tendo em vista o aumento de número de casos e mortes nos últimos dias, depois de um período relativamente mais tranquilo.

A previsão após as festas de fim de ano, quando há mais reuniões e aglomerações de pessoas, é que os casos de Covid-19 voltem a explodir em janeiro de 2021 e neste sentido todo cuidado é pouco. Isolamento e os cuidados de praxe continuam sendo as únicas armas que temos antes da vacinação.

Embora pesquisadores afirmem que o contágio da nova cepa do coronavírus seja maior que o do vírus já conhecido, ainda não se verificou uma taxa maior de letalidade na comparação entre os tipos. Em todo caso, é urgente que a população brasileira possa se vacinar no tempo mais breve possível, sem contar que medidas mais rígidas de controle e prevenção são altamente indicadas neste período do ano. O contágio pelo coronavírus é uma realidade que , infelizmente, muitas famílias brasileiras estão sentindo na pele e no coração.

A FOLHA deseja muita saúde aos seus leitores.