EDITORIAL - Mil dias da tragédia de Brumadinho
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sexta-feira, 22 de outubro de 2021
Folha de Londrina
A tragédia de Brumadinho, pior desastre em uma barragem em todo o mundo na última década, completou nesta quinta-feira (21) mil dias. O rompimento da barragem da Vale, no município mineiro, em 25 de janeiro de 2019, matou 262 pessoas. Bombeiros ainda continuam as buscas por outras oito vítimas que estão desaparecidas.
A partir de agora o governo de Minas vai adotar uma nova estratégia para tentar localizar as vítimas, com a instalação de cinco estações que farão a separação prévia do rejeito de minério a ser vistoriado, a partir de sua granulometria. Segundo os militares, a separação pela granulometria otimiza o processo, pois elimina as partículas mais finas, deixando apenas o objeto de interesse dos vistoriadores. Entre as partículas maiores podem ser encontrados restos de corpos, que são encaminhados para análise e identificação no Instituto Médico Legal.
As máquinas funcionam 24 horas por dia. Durante o dia, duas pessoas são responsáveis por analisar o material que, após peneirado, passa por esteiras rolantes. À noite, o equipamento continua fazendo a separação das partículas a serem observadas no dia seguinte.
Segundo o Corpo de Bombeiros, a operação de busca em Brumadinho é a maior da história do país. Ao longo dos mil dias, 4.142 pessoas estiveram envolvidas e não há previsão de término dos trabalhos.
É triste também constatar que mil dias depois, o drama das famílias atingidas pela tragédia de Brumadinho continua. Somente agora, as famílias e prefeitos de cidades atingidas receberam detalhes, por parte do governo de Minas Gerais, de uma consulta popular que será realizada com os atingidos pelo rompimento da barragem. A ideia é que o procedimento ajude a definir como será usado parte dos recursos do acordo de R$ 37 bilhões firmado com a Vale.
Até agora ninguém foi responsabilizado pelo desastre e uma reviravolta na Justiça pode prolongar por mais tempo ainda qualquer condenação. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que a ação criminal sobre o rompimento da barragem de Brumadinho deve ser julgada pela Justiça Federal, e não pela Justiça do Estado de Minas Gerais. A decisão tira do banco dos réus o ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman e outras 15 pessoas, entre funcionários da mineradora e da empresa alemã TÜV SÜD, contratada para atestar a segurança da barragem em Brumadinho.
Se no Brasil, país onde ocorreu o desastre, o processo na Justiça caminha lentamente, o mesmo não acontece na Alemanha. Em Munique, já começou o julgamento da TÜV SÜD, acusada de negligência por atestar a segurança de uma barragem que se rompeu e de aplicar padrões de verificação que não atendem às exigências internacionais. Ao que tudo indica, na Alemanha, a justiça do caso Brumadinho será feita muito antes do que no Brasil. Outro 7 a 1 que teremos que aceitar.
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