A tragédia de Brumadinho, pior desastre em uma barragem em todo o mundo na última década, completou nesta quinta-feira (21) mil dias. O rompimento da barragem da Vale, no município mineiro, em 25 de janeiro de 2019, matou 262 pessoas. Bombeiros ainda continuam as buscas por outras oito vítimas que estão desaparecidas.

Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - Mil dias da tragédia de Brumadinho
| Foto: Mauro Pimentel/AFP/28-1-2019

A partir de agora o governo de Minas vai adotar uma nova estratégia para tentar localizar as vítimas, com a instalação de cinco estações que farão a separação prévia do rejeito de minério a ser vistoriado, a partir de sua granulometria. Segundo os militares, a separação pela granulometria otimiza o processo, pois elimina as partículas mais finas, deixando apenas o objeto de interesse dos vistoriadores. Entre as partículas maiores podem ser encontrados restos de corpos, que são encaminhados para análise e identificação no Instituto Médico Legal.

As máquinas funcionam 24 horas por dia. Durante o dia, duas pessoas são responsáveis por analisar o material que, após peneirado, passa por esteiras rolantes. À noite, o equipamento continua fazendo a separação das partículas a serem observadas no dia seguinte.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a operação de busca em Brumadinho é a maior da história do país. Ao longo dos mil dias, 4.142 pessoas estiveram envolvidas e não há previsão de término dos trabalhos.

É triste também constatar que mil dias depois, o drama das famílias atingidas pela tragédia de Brumadinho continua. Somente agora, as famílias e prefeitos de cidades atingidas receberam detalhes, por parte do governo de Minas Gerais, de uma consulta popular que será realizada com os atingidos pelo rompimento da barragem. A ideia é que o procedimento ajude a definir como será usado parte dos recursos do acordo de R$ 37 bilhões firmado com a Vale.

Até agora ninguém foi responsabilizado pelo desastre e uma reviravolta na Justiça pode prolongar por mais tempo ainda qualquer condenação. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que a ação criminal sobre o rompimento da barragem de Brumadinho deve ser julgada pela Justiça Federal, e não pela Justiça do Estado de Minas Gerais. A decisão tira do banco dos réus o ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman e outras 15 pessoas, entre funcionários da mineradora e da empresa alemã TÜV SÜD, contratada para atestar a segurança da barragem em Brumadinho.

Se no Brasil, país onde ocorreu o desastre, o processo na Justiça caminha lentamente, o mesmo não acontece na Alemanha. Em Munique, já começou o julgamento da TÜV SÜD, acusada de negligência por atestar a segurança de uma barragem que se rompeu e de aplicar padrões de verificação que não atendem às exigências internacionais. Ao que tudo indica, na Alemanha, a justiça do caso Brumadinho será feita muito antes do que no Brasil. Outro 7 a 1 que teremos que aceitar.

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