A preservação do meio ambiente é coisa séria e, por incrível que pareça, a pessoa que mais deveria se preocupar com o tema é quem tem dado mostras de pouco interesse: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Depois ter sido incluído como investigado em uma operação da Polícia Federal que apura, entre outros crimes, facilitação do contrabando de madeira, o titular da pasta faltou neste quarta-feira (26) à reunião do Conselho da Amazônia.

O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, que é presidente do Conselho, considerou a ausência do ministro ou de um representante como "falta de educação". É mais do isso. Não é tolerável que uma pessoa que ocupa um cargo público, principalmente na posição de ministro, falte sem justificativa alguma a uma reunião em que as decisões dependem muito desse "servidor".

Mourão mandou um recado. Disse que precisa de "cooperação" para conseguir atingir o objetivo de reduzir o desmatamento na Amazônia. O conselho foi criado no ano passado e conta com a participação de 15 ministérios (com exceção do Meio Ambiente, todas as outras pastas estavam representadas).

Nesta, que foi a quinta reunião do colegiado, as notícias não foram nada boas. Mourão reconheceu que os índices de desmatamento na Amazônia pioraram em março e abril e adiantou que a situação em maio "não está boa".

A Operação Akuanduba, que investiga Salles, também tem como alvo o presidente do Ibama, Eduardo Bim, e mais nove ocupantes de cargos de confiança do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente.

Preservar o meio ambiente é garantir a vida do homem no planeta. Isso não é palpite. É ciência. Hoje, o aquecimento global é um dos fatores mais preocupantes e os países têm metas de redução da emissão de gases causadores do efeito estufa. O Brasil precisa se empenhar.

Todos sabem que a floresta Amazônica é um repositório de serviços ecológicos para o Brasil e o restante do mundo. Mas à medida que a mata é queimada e derrubada, cai essa organização natural e o aquecimento global é intensificado.

E as notícias também não são boas para a Mata Atlântica, que tem o seu dia comemorado nesta quinta-feira (27). Segundo pesquisadores da Fundação SOS Mata Atlântica e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento se intensificou entre 2019 e 2020 em nove dos 17 estados que compreendem o bioma.

As evidências estão todas aí. Ir na direção contrária da preservação e do crescimento sustentável é condenar a vida no planeta.

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