Londrina amanhece mais triste nesta segunda-feira (28), quando a cidade se despede de um dos líderes espirituais mais importantes de sua história: dom Geraldo Majella Agnelo, que faleceu no sábado (26).

Arcebispo emérito de São Salvador (BA) e ex-presidente nacional da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Geraldo teve uma vida devotada a Deus, à Igreja e as grandes causas sociais nas comunidades onde atuou. Exemplo vivo dessa trajetória foi a criação da Pastoral da Criança, juntamente com a médica Zilda Arns (1934-2010). A campanha desenvolvida pela Pastoral no norte do Paraná começou em Florestópolis, em 1983, e depois espalhou-se por todo Brasil, salvando milhares de crianças num momento em que a mortalidade infantil tinha índices muito altos no País.

O trabalho foi organizado por comunidades, paróquias e dioceses como um programa de ação social da CNBB, estendendo-se a partir do voluntariado e do treinamento de líderes comunitários até alcançar reconhecimento internacional, passando depois a uma atuação em nível mundial, atendendo a onze países da África, Ásia e América Latina. Entre as principais ações da Pastoral da Criança estão o acompanhamento de gestantes e de crianças de zero a seis anos, através de lideranças comunitárias que trabalham como agentes de transformação de suas realidades. A Pastoral atua também na proposta e execução de políticas públicas que têm por objetivo dar condições dignas a milhares de pessoas, combatendo os piores flagelos da humanidade: a fome e a desigualdade.

A esse trabalho de verdadeira celebração da vida, dom Geraldo Majella Agnelo consagrou também a sua existência, como um líder religioso que deixa saudades e um exemplo magnífico.

Dom Geraldo tornou-se arcebispo Metropolitano de São Salvador (BA) e Primaz do Brasil em 1999, sendo nomeado pelo papa João Paulo II. Em 2011, pediu renúncia do posto, aceita pelo papa Bento XVI, tornando-se arcebispo emérito da Arquidiocese de Salvador.

Em 2014 mudou-se para Londrina, onde também havia sido arcebispo e, no final do ano passado, já em idade avançada, sofreu um AVC que agravou sua situação de saúde.

Sua ligação com a cidade era tão grande que, em 2020, assinou um documento em cartório pedindo que fosse sepultado em Londrina, na Cripta da Catedral Metropolitana, onde também estão sepultados o primeiro bispo e arcebispo, dom Geraldo Fernandes Bijos, e o terceiro arcebispo, dom Albano Botoleto Cavalin.

Atendendo ao seu desejo expresso, a Arquidiocese de Londrina e a população despedem-se nesta segunda-feira de um líder religioso que tem uma história única no seu compromisso com a Igreja e com o cristianismo. Os londrinenses estão se despedindo de dom Geraldo na Catedral, onde missas estão sendo rezadas a cada duas horas desde a chegada de corpo. O sepultamento na Cripta será ao meio-dia, nesta segunda-feira.

Desde o anúncio de sua morte, a reportagem da FOLHA acompanha toda a trajetória desta despedida e lamenta profundamente, junto com a população, a perda de um arcebispo tão significativo. Líder justo, sábio e afetuoso, que soube compreender a sua missão, carregando para seu ofício a dor e as necessidades das comunidades para as quais representou a generosidade e o amor implícitos no sacerdócio.

Para Londrina, a missão de dom Geraldo continua viva e inesquecível, assim como em outras partes do mundo, pelo exercício, semeadura e colheita de fé na vida!

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