A guerra da Rússia contra a Ucrânia tem mostrado muito mais que as cenas dramáticas de cidades destruídas, vidas perdidas e a fuga desesperada de ucranianos que agora vivem como refugiados em outros países. Além de toda essa tragédia, a ofensiva militar de Vladimir Putin apresentou um outro campo de batalha, dessa vez contra a liberdade de imprensa.

Desde que os soldados russos invadiram o país vizinho, em 24 de fevereiro, a mão pesada da censura interfere cotidianamente sobre o jornalismo, a ponto de canais independentes terem que fechar as suas portas. A Rússia de Vladimir Putin sempre foi mais fechada quando o assunto é liberdade de imprensa, mas a guerra contra a Ucrânia agravou ainda mais o quadro.

Tanto que logo após o início do conflito, o parlamento russo aprovou uma lei que pune a divulgação de “informações falsas” sobre as forças armadas russas. A pena para quem cometer o crime pode chegar a até 15 anos de prisão. Trata-se de uma medida forte para criminalizar qualquer tipo de reportagens independentes sobre a investida do Kremlin contra a Ucrânia.

Entre as “informações falsas” proibidas por Moscou estão chamar o conflito em território ucraniano de guerra ou invasão nas redes sociais ou em sites e transmissões jornalísticas. Para o governo russo, trata-se de uma “operação militar”. Além disso, o acesso da população ao Facebook e outros sites também foi bloqueado no país.

Neste 3 de maio, Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a Folha de Londrina, convida seus leitores a fazerem uma reflexão sobre a lição que a guerra na Ucrânia nos ensina a respeito dos riscos de viver sob um regime de censura. A data foi criada em 1993 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, mas em 2022 ela está ganhando visibilidade por uma ação da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e organizações da sociedade civil do Brasil, entre elas a ANJ (Associação Nacional de Jornais). O objetivo é chamar atenção para o valor de uma imprensa livre e independente.

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi instituído no mesmo dia em que é celebrada a assinatura da Declaração de Windhoek, capital da Namíbia, que foi sede de um seminário realizado por jornalistas africanos em 1991. A data celebra a luta pelo direito à liberdade aos profissionais de imprensa de divulgar, investigar e trazer ao conhecimento público informações de forma imparcial e independente.

Liberdade de imprensa e democracia caminham juntas. Muitas vezes os regimes de exceção recorreram à censura para impedir que o jornalismo torne público desmandos e atos criminosos. Ao fazer isso, bloqueiam um canal de comunicação. É por meio da imprensa que o poder público dialoga com a população, ouve os anseios da sociedade e verifica os impactos das decisões tomadas.

Nesses tempos desafiadores, é o jornalismo independente e profissional que apresenta os fatos aos cidadãos para que estes formem suas opiniões. Dessa maneira, a mídia livre e pluralista ajuda a alicerçar o funcionamento saudável das democracias.

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