EDITORIAL - Justiça para os aposentados
Esquema criminoso fere gravemente a confiança dos cidadãos na administração pública e nos mecanismos de proteção social
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 25 de abril de 2025
Esquema criminoso fere gravemente a confiança dos cidadãos na administração pública e nos mecanismos de proteção social
Folha de Londrina
Os descontos não autorizados em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), alvo da Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF (Polícia Federal) e pela CGU (Controladoria-Geral da União), na quarta-feira (23), representa um escândalo de grandes proporções. Tanto que o presidente da instituição, Alessandro Stefanutto, pediu demissão do cargo após ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, a soma dos valores dos descontados não autorizados chega a uma fortuna estimada em R$ 6,3 bilhões. As fraudes ocorreram entre 2019 e 2024, segundo as apurações da polícia. Todos os pagamentos foram suspensos.
Uma auditoria da CGU foi feita em 29 entidades que tinham acordos com o INSS. O órgão identificou que as entidades não tinham estrutura operacional para prestar os serviços que ofereciam aos beneficiários, como descontos em academias, convênios com planos de saúde e auxílio funerário.
Também verificou que 72% não tinham entregue a documentação completa ao INSS. Onze destas entidades foram alvo de medidas judiciais.
A operação envolveu 700 policiais federais e 80 servidores da CGU, que cumpriram 211 mandados judiciais de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão. Foi a maior operação já realizada pela Controladoria.
Foram apreendidos carros de luxo, joias, quadros e dinheiro em espécie. Também foram expedidos seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e nos estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
Os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais.
Na quinta-feira (24), a AGU criou um grupo especial para recuperar valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas do INSS em uma reação necessária e urgente, pois esse esquema criminoso fere gravemente a confiança dos cidadãos na administração pública e nos mecanismos de proteção social. Afinal, os aposentados do INSS são aqueles que mais dependem da segurança institucional
É muito importante que todas as pessoas e entidades que se beneficiaram ilicitamente desse esquema de fraude sejam responsabilizadas na mesma medida da gravidade dos prejuízos causados.
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