EDITORIAL - IPCA-15 abaixo das projeções
Dos nove grupos de bens e serviços pesquisados, dois recuaram em maio: transportes (-0,29%) e artigos de residência (-0,07%)
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quarta-feira, 28 de maio de 2025
Dos nove grupos de bens e serviços pesquisados, dois recuaram em maio: transportes (-0,29%) e artigos de residência (-0,07%)
Folha de Londrina
A inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), desacelerou 0,36% em maio, após atingir a marca de 0,43% em abril.
O resultado ficou abaixo do piso de projeções do mercado financeiro coletadas pela agência Bloomberg, cujo intervalo de estimativas variava de 0,38% a 0,53%.
A taxa de 0,36% é a menor para meses de maio desde 2020 (-0,59%). À época, marcada pelo início da pandemia de Covid, o IPCA-15 havia mostrado deflação. Com o resultado de maio, a alta do índice desacelerou a 5,4% no acumulado de 12 meses. A variação era de 5,49% até abril.
A trégua, contudo, de acordo com analistas, não significa que a dinâmica de inflação tenha mudado.
Dos nove grupos de bens e serviços pesquisados, dois recuaram no IPCA-15 de maio: transportes (-0,29%) e artigos de residência (-0,07%).
O segmento de transportes exerceu o principal impacto do lado das quedas (-0,06 ponto percentual). O grupo foi influenciado pela baixa da passagem aérea (-11,18%), cujos preços são voláteis - costumam variar bastante.
Os bilhetes de avião mostraram a principal contribuição individual para reduzir o IPCA-15 (-0,07 ponto percentual). Ainda em transportes, o IBGE ressaltou a baixa nas tarifas de ônibus urbano (-1,24%).
Os outros sete grupos pesquisados mostraram aumentos em maio, com destaques para vestuário (0,92%), saúde e cuidados pessoais (0,91%) e habitação (0,67%).
Em termos de impacto, as principais influências vieram de saúde e cuidados pessoais (0,12 ponto percentual) e habitação (0,10 ponto percentual).
Quando a análise é individual, o destaque foi a energia elétrica, que gerou a maior contribuição do lado das altas (0,06 ponto percentual). O avanço foi de 1,68% em maio.
Esse resultado, que pressionou o grupo habitação, refletiu a adoção da bandeira tarifária amarela, com cobrança adicional nas contas de luz.
Em saúde e cuidados pessoais, houve efeito da carestia dos produtos farmacêuticos (1,93%). A alta ocorreu após autorização de reajuste nos medicamentos, a partir de 31 de março.
Para tentar conter a inflação, o Banco Central vem subindo a taxa básica de juros, a Selic, que alcançou 14,75% ao ano. É o maior nível em quase duas décadas.
O choque de juros busca esfriar a demanda que pressiona parte dos preços. O possível efeito colateral é a perda de fôlego da economia, já que o crédito fica mais caro para consumo e investimentos produtivos.
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