EDITORIAL - Inflação em alta
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quinta-feira, 12 de maio de 2022
Folha de Londrina
Os preços altos estão exigindo mudanças nos planos de vida dos brasileiros e nos hábitos de consumo. Desde o ano passado, as pessoas sentem a inflação pesando mais no bolso a cada mês e a disparada dos preços vem se escancarando a cada ida ao supermercado, feira, padaria ou posto de gasolina.
Em abril, a inflação acelerou novamente e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo) acelerou para 1,06% no mês passado, segundo informou nesta quarta-feira (11) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
E o pior é que ela vem batendo recordes indesejáveis. A variação de abril é a maior para o mês desde 1996. Em 12 meses até abril, a inflação bateu em 12,13%, maior patamar desde outubro de 2003 (13,98%). Em março de 2022, o IPCA já havia pesado no bolso dos brasileiros, atingindo o maior patamar em 28 anos e subindo 1,62%.
Em abril, os principais impactos vieram de alimentação e bebidas (2,06%) e dos transportes (1,91%). Juntos, os dois grupos contribuíram com cerca de 80% do IPCA de abril. Em alimentos e bebidas, a alta foi puxada pela elevação dos alimentos para consumo no domicílio. Percebeu o aumento principalmente quem comprou leite longa, batata-inglesa, tomate, óleo de soja, pão francês e carnes.
Em 12 meses, a maior variação foi em Curitiba (14,82%). Entre as capitais, no mês, a maior alta foi no Rio de Janeiro, de 1,39%, enquanto Salvador teve a menor variação em abril, de 0,67%.
A expectativa é de novos impactos nos próximos meses, com os aumentos dos combustíveis. Desde a última terça-feira (10), está valendo o novo aumento do diesel anunciado pela Petrobras, de 8,87% nas refinarias, o que significa uma mudança de R$ 0,40 no litro do combustível - de R$ 4,51 para R$ 4,91.
A inflação impacta, principalmente, as parcelas mais pobres da população, pois devora o rendimento dos trabalhadores. Tanto que o aumento do preços nem sempre é percebido igualmente pela parcela da sociedade com padrão de vida mais alto. A imensa desigualdade social que impera no Brasil faz com que a inflação seja mais cruel para a população pobre.
Sabe-se que a inflação é, hoje, um movimento mundial, justificada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. Mas é justamente essa péssima distribuição de renda que faz com que no Brasil as consequências sejam particularmente mais duras do que em países como os Estados Unidos, que também têm sofrido com a escalada de preços.
A tão desejada volta à normalidade, depois de um período de dois anos de pandemia, passará agora pelo desafio de vencer um velho inimigo dos brasileiros, que acordou depois de um longo período de sono: o dragão da inflação. À população resta fazer a gestão financeira para adequar os gastos ao orçamento familiar, procurando negociar preços e dívidas. E o mesmo vale para o governo, que precisa manter os gastos públicos mais baixos.
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