Imediatamente após o primeiro turno das eleições municipais, em 15 de novembro, a discussão sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas figurou nas redes sociais e entusiastas do voto impresso, como o presidente Jair Bolsonaro, cobraram a volta do modelo.

Neste domingo (29), segundo turno das eleições em algumas cidades brasileiras, o presidente da República voltou a defender o voto impresso dizendo esperar do sistema eleitoral brasileiro que “em 2022 tenhamos um sistema seguro, que possa dar garantias ao eleitor que, em quem ele votou, o voto foi efetivamente para aquela pessoa.”

Sem apresentar provas, Bolsonaro afirmou: “estou vendo trabalho de hacker aqui e em qualquer lugar". É certo que esse discurso ganhou força após os problemas na apuração do primeiro turno, com demora para sair resultados e tentativas de ataques de hackers registradas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Se há questionamento sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas, essa desconfiança deve seguir com um debate responsável e baseado em argumentos sólidos. Não é possível desenterrar o velho sistema de votação com base em desinformação ou acusações não comprovadas.

Desde que as urnas eletrônicas começaram a ser utilizadas na década de 1990, não há evidências de que tenha havido fraude ou irregularidade em qualquer um dos processos nesses 30 anos.

Também sem apresentar provas, o presidente Bolsonaro disse que houve fraude nas eleições americanas que elegeram o democrata Joe Biden, tirando a reeleição do republicano Donald Trump, aliado do chefe de Estado brasileiro. “Realmente teve muita fraude lá, isso ninguém discute”, disse.

Para que houvesse alguma mudança no sistema eleitoral, o presidente Bolsonaro teria que começar um amplo e difícil trabalho de convencimento do Congresso para abraçar a ideia, porque líderes nas Câmara e Senado, mesmo os governistas, não acreditam que uma proposta como essa passará a curto ou médio prazo.

Nesse momento, em que a pandemia do novo coronavírus volta a crescer no país e o desemprego alcança índices muito preocupantes, melhor seria para o Palácio do Planalto priorizar energia para convencer os parlamentares a aprovarem as reformas que podem fortalecer a nossa economia, como Administrativa e Tributária.

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