A repercussão da declaração do presidente da República, Jair Bolsonaro, na última segunda-feira (17), chamando de "idiotas" as pessoas que ficam em casa, mesmo perdendo dinheiro, por obediência às medidas restritivas contra o coronavírus, pode ter mais efeitos do que se imagina. Nas redes sociais, até mesmo empresários que defendem a flexibilização das medidas de restrição descordaram da fala do presidente, dizendo que essa linha de pensamento não salva a economia e lembrando que os vários setores produtivos se organizaram para atender quem, por algum motivo, está em casa.

O distanciamento social é considerado por especialistas em saúde como a medida mais eficiente para frear o avanço do contágio pelo coronavírus, pois ele é transmitido por espirros e partículas de saliva que são expelidas quando outras pessoas falam. Por isso, o uso de máscaras de proteção e a ventilação dos ambientes são formas importantes de se defender do Sars-CoV-2.

A primeira medida em represália à atitude do presidente da República foi anunciada nesta terça-feira (18) pelo senador Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará. Em discurso na abertura da sessão da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Congresso, o parlamentar disse que o seu partido entrou com uma ação judicial que tenta obrigar o presidente Jair Bolsonaro a usar máscaras em eventos públicos que utilizam os recursos da União.

De acordo com o tucano, o presidente deve dar exemplo, obedecendo as orientações do Ministério da Saúde e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quando está em público. Jereissati também iria protocolar um requerimento à CPI para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prestar novo depoimento à CPI para falar sobre o comportamento do presidente em relação ao distanciamento social.

É preciso ressaltar que os brasileiros ficaram em casa durante a pandemia por muitos motivos. Por fazerem parte do grupo de risco para a Covid-19, para cuidarem dos filhos pequenos ou pais de idade avançada, porque perderam o emprego ou estão desalentados pelos 14 meses de uma pandemia que tirou muita coisa de tantas pessoas: vidas, saúde, trabalho, negócios.

Enquanto o Brasil não vacinar a população de forma maciça, o distanciamento e o uso de máscaras são a forma mais eficaz de evitar o contágio do coronavírus. Quanto mais as pessoas se expuserem externamente, mais probabilidade de serem contaminadas. Para acelerar a volta à normalidade é preciso fazer uma melhor gestão da crise e dar uma trégua na polarização, com as lideranças convergindo para uma mesma linha de trabalho.

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