A morte de Silvio Santos, aos 93 anos, neste fim de semana, colocou fim a uma era na história da comunicação brasileira. A partida daquele que é considerado o maior comunicador que o país já teve, moldando e influenciando a cultura popular por mais de seis décadas, evidencia o apagar das luzes da mídia de massa. Se antes, os domingos eram marcados pelas famílias brasileiras reunidas em torno das TVs, hoje tudo é pulverizado e assíncrono em telas que cabem na palma da mão.

Silvio Santos, nome artístico de Senor Abravanel, foi um dos últimos grandes ícones de uma geração de artistas que dominava a comunicação para as massas. Sua habilidade única de se conectar com o público, combinada com um faro aguçado para os negócios, fez dele uma figura singular na história da comunicação. Além de apresentador, era um empresário visionário que construiu um império midiático.

Não era unanimidade e também conservava uma lista de detratores, mas tinha um público que abrangia dos 16 anos aos 60+, e era prestigiado por pessoas das classes A até a D. Com a morte de Silvio Santos, fica evidente que o país vivencia uma importante transição midiática. A julgar pela tendência de consumo de conteúdo, influenciada pelos algoritmos das bigtechs, onde tudo é efêmero e imediatista, dificilmente surgirá um nome com a mesma dimensão do ex-camelô carioca.

Em meio a tantas transformações na comunicação, é essencial reconhecer que, mesmo com a ascensão das novas mídias, os meios de imprensa tradicionais ainda desempenham um papel fundamental na sociedade. Televisão, rádio e jornais, embora desafiados, permanecem fontes confiáveis de informação, especialmente em tempos de crise. A capacidade desses meios de se reinventarem, adotando novas tecnologias e formatos, mostra que o profissionalismo e o conteúdo de qualidade sempre terão lugar garantido.

Em meio a erros e acertos em sua trajetória, Silvio Santos teve uma capacidade inegável de unir o país. Mesmo sendo uma figura controversa em alguns aspectos, ele conseguiu transcender divisões sociais e culturais, oferecendo entretenimento que reunia pessoas de diferentes idades, classes e crenças em torno de uma experiência comum. Diante de um país fragmentado, polarizado, este pode ser considerado um de seus principais legados.

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