EDITORIAL - Fechando o cerco
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quarta-feira, 02 de junho de 2021
Folha de Londrina
O endurecimento das medidas restritivas impostas pelo governador Ratinho Junior para conter um novo avanço do coronavírus não foi suficiente para melhorar as condições de atendimento a pacientes infectados com a Covid-19 em Londrina e o prefeito Marcelo Belinati decretou mudanças no sistema de saúde municipal, reestruturando a rede para tentar mitigar os problemas e dar conta da demanda num período classificado como de tensionamento. As mudanças começam a valer na segunda-feira (7).
O plano prevê a ampliação das UBS (Unidades Básicas de Saúde) exclusivas para tratamento de síndromes respiratórias. Vão recepcionar pacientes com suspeita ou confirmados para coronavírus os postos do Milton Gavetti (zona norte), Vila Casoni (área central), Ernani Moura Lima (zona leste) e San Izidro (zona sul). Estas unidades vão se somar aos postos do Chefe Newton, Maria Cecília, Bandeirantes, Vila Ricardo e Guanabara.
O número de médicos passará de dois para três, com as unidades abertas das 7h às 19h, de segunda a sexta-feira. A estimativa da Secretaria Municipal de Saúde é que as nove UBS possam receber até 1.290 pessoas por dia. Os moradores acompanhados nestes locais para atendimentos gerais serão direcionados para outras unidades básicas momentaneamente.
A reorganização tem um objetivo claro, o de desafogar a UPA Sabará (zona oeste), que tem atendido em média de 400 a 450 pessoas diariamente. O secretário de Saúde do município, Felippe Machado, esclareceu que a quantidade de atendimento não se difere em relação a meses anteriores, entretanto, a gravidade dos casos é maior.
Assim, os casos menos complexos de Covid-19 vão sair da UPA do Sabará, que se transformou, praticamente, em uma retaguarda hospitalar, e irão para as outras unidades.
Como a Folha de Londrina já havia adiantado no início da semana, os hospitais da Zona Norte e Zona Sul terão ampliados em 40 os leitos de enfermaria, sendo 30 na primeira instituição e dez na segunda. No acordo firmado com a 17ª Regional de Saúde, o Estado ficará responsável pela manutenção física, reposição de insumos, medicamentos e oferta de equipamentos. Já o município vai ceder servidores. São 40 técnicos em enfermagem e 11 enfermeiros que já fazem parte da equipe da Saúde.
A situação é preocupante em Londrina, que começou a semana com 99% de taxa de ocupação das vagas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O HU (Hospital Universitário) divulgou, nesta terça-feira, que há uma fila com 42 pacientes aguardando por vaga de terapia intensiva.
A prefeitura também contratou uma terceirizada para a transferência de pacientes com a doença, principalmente, nos deslocamentos intra-hospitalares. A ação é complementar ao serviço prestado pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), já que atualmente a espera para transportar as pessoas de uma instituição para outra nos casos graves está levando mais tempo.
Não é possível minimizar a situação. O próprio secretário de Saúde alertou em entrevista nesta terça-feira (1) que Londrina alcançou o teto máximo da capacidade em seu plano de contingência, já utilizando centro cirúrgico de hospitais como enfermaria.
O sistema chegou ao máximo da estrutura física, dos recursos humanos, equipamentos e não está descartado o risco de falta de medicamentos.
O momento é muito crítico e a consciência individual e a responsabilidade com o coletivo são as únicas formas de evitar uma terceira onda da doença.
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