Quando lemos notícias sobre as Conferências do Clima, pensamos na reunião de lideranças mundiais num país distante como a Escócia, onde foi realizada, em Glasgow, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas - COP 26, em novembro de 2021.

Mas as questões climáticas estão no nosso dia a dia e as crises hídricas podem secar as torneiras de nossas casas em tempo não muito distante se providências urgentes não forem tomadas. Por isso, o ativismo climático é parte das questões globais e locais.

Por conta disso, um grupo de pais e mães de 44 países, incluindo brasileiros, assinaram uma carta durante a COP26 pedindo com urgência o fim do financiamento de todas as novas explorações de combustíveis fósseis. O Brasil foi representado pelo grupo Famílias pelo Clima que surgiu em 2019 e se preocupa com o futuro dos seus filhos e netos. Em sua maioria, essas famílias hoje têm filhos na infância ou na adolescência e querem garantir um planeta habitável para daqui a 30, 40 ou 50 anos.

Com ações cada vez mais próximas da realidade e do cotidiano, o grupo entrou na semana passada com uma ação contra o governo de São Paulo para barrar uma medida do Programa IncentivAuto, que oferece subsídios ao setor automotivo. Isso mostra que incentivos assim, comuns em muitos governos, vão contra o que se prega em nível mundial e é bem pouco respeitado em nível local.

Quando se fala do clima, trata-se de discutir os níveis dos reservatórios no Sudeste do país quando ocorre um longo período de estiagem; de discutir as inundações não só da província de Shanxí , na China, onde cerca de 15 pessoas morreram nas inundações de outubro de 2021, mas de discutir o Brasil, onde na Bahia e em Minas Gerais, as inundações mataram dezenas de pessoas há duas semanas.

Poucos seres humanos, no Brasil ou no mundo, afirmam na teoria não gostar das áreas verdes e não torcer pela preservação ambiental, isso faz sentido quando nos feriados, como agora mesmo em Londrina, as pessoas tomam parques e imediações do Lago Igapó para uma tarde de passeio e descanso. Mas o que está diante dos nossos olhos, com acesso tão fácil, pode estar distante de nossos filhos e netos se a preservação não for uma prática diária incorporada por cada um.

Desperdício de água, queima inconsequente de combustíveis, cortes de árvores e dizimação de florestas por especulações de todo tipo são coisas que ocorrem diariamente sem que quase ninguém se dê conta. Só ter torna "visível" quando a torneira seca, os verões se tornam mais quentes, a praia em festa no final do ano deixa uma ressaca de lixo que torna tudo menos idílico com a poluição que dobra a cada estação.

Por isso, iniciativas como as do grupo Famílias pelo Clima, que está processando o governo de São Paulo, não são exageradas nem "romantizadas", elas tendem a mostrar cada vez mais, a todos os governos - em nível federal, estadual ou local - que o futuro começa agora ou será extinto em 50 ou 100 anos. E não importa o tempo, porque os desastres já são bem concretos diante dos nossos olhos.

O jeito é começar 2022 olhando bem para cima, para baixo e para os lados, sem negacionismos.

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