Tempestades que causam enchentes, deslizamentos, derrubam árvores, postes e causam apagões. Estiagens severas que danificam plantações, favorecem incêndios, secam os reservatórios e comprometem a saúde da população. Eventos que antes poderiam ser considerados casos isolados hoje já se tornaram regra, reflexo dos extremos climáticos que impactam todo o mundo.

Diante deste cenário, não há como as ocorrências serem tratadas como surpresas. As administrações precisam se preparar para a prevenção e atuação em grandes tragédias ambientais. A lição de casa, certamente, deve começar pelas ações que impeçam ainda mais danos ao ambiente, evitando assim cruzar a linha que os cientistas tratam como “ponto de não retorno”.

Reportagem desta edição da FOLHA mostra que neste ano, o Corpo de Bombeiros do Paraná atendeu 12,6 mil incêndios florestais, número 130% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Dos 399 municípios paranaense, dois terços tiveram ao menos uma ocorrência relacionada a incêndios em vegetação. Ponta Grossa, nos Campos Gerais, foi o recordista, com 703 registros, seguido por Maringá, Curitiba, Paranavaí, Apucarana e Londrina.

A grande quantidade de casos simultâneos é um desafio para a logística do Corpo de Bombeiros. No dia 26 de setembro, por exemplo, Londrina teve focos de incêndio na zona sul e zona leste, o que dificultou o trabalho das equipes de enfrentamento ao fogo. Situações como essa precisam ser levadas em conta na hora do planejamento e destinação de efetivo.

Quando se trata de regiões, que no Paraná são atendidas pelos GB (Grupamentos de Bombeiros) e pelos SGBI (Subgrupamentos de Bombeiros Independentes), a região de Maringá foi a que mais apresentou ocorrências de incêndios em vegetação, 1.897 no total, seguida pela região de Londrina, com 1.647 casos.

Como parte da estratégia de enfrentamento, a Defesa Civil Estadual organizou uma força-tarefa que vai capacitar cerca de 600 brigadistas para atuar nos 100 municípios mais vulneráveis do estado. A iniciativa é positiva, mas é sempre bom lembrar que a formação de uma rede organizada de Defesa Civil deve estar pronta para atuar não só nos períodos mais críticos.

Se tempestades e secas severas passarão a ser cada vez mais comuns, cabe ao poder público adotar todas as medidas para reduzir ao máximo os danos e os transtornos causados. Um sistema de Defesa Civil estruturado faz a diferença quando o assunto é salvar vidas.

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