A pandemia de coronavírus deixou mais de 700 mil mortes no país. O saldo trágico da disseminação da doença ainda é presente na vida de muitos brasileiros. Pessoas que perderam parentes e amigos para o vírus, ou que se recuperaram da enfermidade após enfrentarem dias difíceis em leitos de hospitais ou isolados nas próprias casas.

Uma consequência que agora pode ser medida é a retomada do crescimento da expectativa de vida do brasileiro após o pico da pandemia nos anos de 2020 e 2021. Elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a estimativa integra as Tábuas de Mortalidade 2022, que levam em conta dados populacionais do Censo Demográfico relativo ao ano passado eestatísticas do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde.

O dado referente a 2022 indica que uma pessoa nascida no ano passado tinha expectativa de viver 75,5 anos, em média, no país, considerando os níveis de mortalidade ao longo das diferentes faixas etárias da população.

Esse resultado é o melhor desde 2019, último ano antes da pandemia. À época, a esperança de vida era estimada em 76,2 anos. Porém, com as mortes provocadas pela crise sanitária, a expectativa diminuiu para 74,8 anos em 2020 e 72,8 anos em 2021.

Em nota, o IBGE explicou que o crescimento do número de mortes já era uma constante, mas que o indicador “explodiu” por conta dos óbitos provocados pela doença. Ao longo das décadas de 2000 e 2010, aponta o instituto, o número de mortes passou de menos de 1 milhão em 2000 para cerca de 1,349 milhão em 2019.

"Em 2020, como consequência da crise sanitária que afetou o país e o mundo devido à pandemia de Covid-19, tem-se significativo aumento no número absoluto de óbitos registrados, passando a 1,556 milhão e atingindo o valor extremo em 2021, de 1,832 milhão", informa o instituto.

"A gente já recuperou um pouco do nível de esperança de vida ao nascer e tem a recuperar um pouco mais no próximo ano [2023]. A que nível, a gente vai ter de esperar os dados de óbitos para ver como vai ficar a composição. A gente não sabe ainda", adiantou Izabel Marri, gerente de estudos e análises da dinâmica demográfica do IBGE. A tendência, portanto, é que a expectativa de vida volte a crescer.

E para isso o país precisa estar preparado. Investir em políticas voltadas ao envelhecimento saudável e à saúde da população idosa é uma providência urgente que deve ser tomada por agentes públicos de todas as esferas de poder. E já estamos atrasados.

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