O aumento da expectativa de vida do brasileiro, demonstrado em pesquisa recente divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), leva a uma consequente mudança no perfil do mercado de trabalho no país.

Em 2022, segundo dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), a população com 65 anos ou mais representava 10,5% do total nacional. Em 1012, o percentual de idosos no total populacional era de 7,7%.

Outra pesquisa, essa da empresa Ernst & Young e da agência Maturi, realizada em 2022 em quase 200 empresas no Brasil, mostrou o perfil do mercado de trabalho para pessoas com mais de 50 anos. A maioria das companhias pesquisadas tem de 6% a 10% de pessoas com mais de 50 anos em seu quadro funcional. Segundo o estudo, 78% das empresas consideram-se etaristas e têm barreiras para contratação de trabalhadores nessa faixa de idade.

A Ernst & Young é uma empresa especializada em auditorias, impostos e consultoria e a agência Maturi, em treinamento de profissionais com mais de 50 anos e conexão com empresas interessadas na contratação dessas pessoas. A Maturi conta atualmente com mais de 200 mil profissionais e cerca de 750 companhias parceiras cadastrados na sua base.

O envelhecimento da força de trabalho no país é, portanto, um desafio que o Brasil terá que enfrentar. Essa realidade já é enfrentada no mundo corporativo.

Com base na Pnad, o levantamento do Ernst & Young e Matur, revela que estimativas indicam que até 2040 seis em cada dez trabalhadores brasileiros terão mais de 45 anos de idade. Os números do IBGE mostram que, em 17 milhões de famílias brasileiras, o sustento econômico fica por conta de pessoas com mais de 60 anos.

Para o fundador da agência Maturi, a dificuldade de inserção no mercado de trabalho pode partir da própria pessoa, que se considera velha para procurar emprego. “Existe muito o que a gente chama de autoetarismo, que é a pessoa com preconceito até com a própria idade, por se achar velha e achar que aprender a fazer algo é coisa de jovem. O autopreconceito também é um erro porque hoje, vive-se muito [e a pessoa] não pode se limitar. Pelo contrário, juntar as experiências pode ser um grande diferencial”, afirmou.

Para ele, o mercado de trabalho brasileiro não está preparado para a demanda, que é cada vez maior, diante do envelhecimento populacional e da expectativa de vida, que vem aumentando. “O preconceito ainda é muito forte no mercado de trabalho. É uma coisa que faz parte da nossa cultura como um todo, mas no mercado de trabalho, é ainda pior.”

Por isso todos, empresas, colegas de trabalho e os próprios profissionais acima de 50 anos, precisam estar conscientes das vantagens que um trabalhador com mais de 50 anos oferece. Maturidade, experiência de vida e foco no trabalho são apenas algumas das qualidades.

Obrigado por ler a FOLHA!