EDITORIAL - Endividamento das famílias
Estudo mostrou que houve um aumento de 43,8% no número de consumidores inadimplentes em agosto de 2024
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 11 de setembro de 2024
Estudo mostrou que houve um aumento de 43,8% no número de consumidores inadimplentes em agosto de 2024
Folha de Londrina
Dados divulgados pela Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina) nesta terça-feira (10) dão sinais de um desequilíbrio entre a capacidade de quitação de dívidas e o impacto contínuo das pressões econômicas sobre as famílias. O estudo mostrou que houve um aumento de 43,8% no número de consumidores inadimplentes em agosto de 2024, comparado ao mesmo mês do ano anterior.
O resultado positivo da pesquisa da Acil foi o aumento de 41,7% no número de consumidores que conseguiram regularizar suas pendências. Em âmbito nacional, a pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio) indicou uma leve queda no endividamento das famílias, com 78% relatando dívidas a vencer em agosto, abaixo dos 78,5% observados em julho, mas ainda superior ao índice de 77,4% registrado em agosto do ano passado.
Essa retração é insuficiente para ocultar o aumento no percentual de famílias brasileiras que se consideram "muito endividadas", agora em 16,8%, o maior dos últimos meses. Esse comportamento reflete a cautela das famílias no uso do crédito, em parte motivada pelas incertezas macroeconômicas que, mesmo com um crescimento de 1,4% do PIB no segundo trimestre, ainda estão longe de proporcionar um alívio sustentável.
Além disso, permanece estável o índice de famílias com dívidas em atraso, fixado em 28,8%, enquanto a quantidade de famílias que não conseguirão quitar essas dívidas subiu para 12,1%.
O aumento da inadimplência, tanto em Londrina quanto no restante do país, é um sinal claro de que os efeitos dos juros elevados e a recuperação ainda tímida da economia são uma ameaça à capacidade de consumo e agrava as restrições de crédito.
A solução passa por uma política econômica que promova crescimento sustentável e por um trabalho de renegociação de dívidas. É importante que o governo e as instituições financeiras revisem suas estratégias para lidar com o endividamento das famílias e incentivem o consumo de forma equilibrada e responsável.
Lembrando que, se por um lado o crédito é um motor fundamental para a economia, por outro lado, quando mal utilizado ele pode se tornar um fardo insuportável para muitos brasileiros.
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