Imagem ilustrativa da imagem EDITORIAL - Crise hídrica, o efeito dominó da seca
| Foto: Gilson Abreu/AEN

A pior seca dos últimos 91 anos no Brasil não poupa ninguém. Mesmo quem não enfrenta a difícil situação do racionamento de água, é impactado com o aumento da tarifa de energia e dos preços dos alimentos e outros itens.

O rumo é incerto porque o risco de o fenômeno La Niña voltar a ocorrer no próximo mês reduziria ainda mais a ocorrência de chuvas. No Paraná, os dados do Simepar, o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do estado, indicam que, nos últimos 19 meses (desde janeiro de 2020), o volume de chuvas foi inferior à média histórica em 11 meses, o que reduziu drasticamente o nível dos reservatórios e levou ao rodízio no fornecimento de água na região metropolitana de Curitiba e outras cidades do estado.

Nos demais meses, a média histórica foi superada em apenas algumas regiões. Abril deste ano foi o mês mais seco dos últimos 23 anos em várias cidades paranaenses, como Londrina, Maringá, Cascavel e Guarapuava.

A situação é tão dramática que no dia 26 de agosto, o Operador Nacional do Sistema Elétrico alertou que a geração de energia elétrica será insuficiente a partir de outubro e sugeriu aumentar a importação e colocar em operação mais usinas termelétricas, o que aumenta ainda mais os custos e a tarifa.

A Folha publica neste fim de semana (4 e 5) e na segunda-feira (6) uma série de reportagens que mostra o impacto da crise hídrica para os paranaenses. A primeira conta o drama de moradores de Curitiba que estão convivendo com o racionamento de água e famílias que não têm caixa d`água ficam até dois dias com as torneiras secas.

Além do incômodo, a racionamento em forma de rodízio aumenta as despesas da casa, pois é preciso comprar água mineral e uma das entrevistadas contou que gastou para consertar torneiras e canos que estragam quando a água retornou com muita pressão.

O coordenador do Laboclima e professor do Departamento de Geografia da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Pedro Augusto Breda Fontão, explicou à reportagem que uma seca como essa pode acontecer a cada 30 ou 40 anos. "É uma oscilação normal do planeta”, afirmou. Segundo ele, o ritmo das precipitações no estado é determinado por fatores como a intensidade das frentes frias, a circulação da atmosfera e a temperatura dos oceanos. O problema, de acordo com Fontão, é que as chuvas deste ano não foram suficientes para repor as perdas de 2020 e os lençóis freáticos não tiveram tempo para se recuperar.

Lembrando que essas "causas naturais" da seca prolongada são agravadas, no Brasil, pelo desmatamento de nossas florestas e matas. As mudanças climáticas são uma realidade inquestionável e as consequências o brasileiro está sofrendo na pela e no bolso,

Próximo a Londrina, Jandaia do Sul e Jardim Alegre estão em situação de rodízio. Londrina, abençoada com o Rio Tibagi, que tem um grande volume, se encontra em uma situação um pouco mais privilegiada quanto ao abastecimento de água. Mas isso não quer dizer que estamos tranquilos. O impacto da seca não se resume na falta de água. Prejudica a saúde, agrava riscos de incêndios e prejudica a agricultura e a indústria.

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