Não há o que se falar em desconhecimento, falta de oportunidade ou dificuldade de acesso. Os pais de 50% das crianças londrinenses com idade de um a quatro anos terão que conviver com a irresponsabilidade de terem ignorado a convocação da saúde pública para vacinar os filhos contra a paralisia infantil.

Às vésperas do enceramento da campanha nacional de vacinação contra a poliomielite, Londrina tem apenas 50,6% das crianças nessa faixa etária imunizadas. A população de meninos e meninas com um a quatro anos na cidade é estimada em cerca de 30 mil. A meta era de que, pelo menos, 95% do público-alvo estivesse vacinado. Nos últimos dois meses, a prefeitura fez ações em shoppings e nas escolas públicas e particulares, no entanto, o percentual de protegidos cresceu abaixo do esperado.

Em entrevista à FOLHA, o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, creditou a baixa adesão à onda antivacina que atinge o Brasil e o mundo. “Tudo o que outras gerações fizeram para que chegássemos aqui, livres da paralisia infantil, acaba sendo colocado em risco”, acrescentou o titular da pasta.

Até a manhã desta quarta-feira (28), o Ministério da Saúde não havia se manifestado sobre a possibilidade de mais ações pontuais da vacinação de poliomielite ou até mesmo uma nova prorrogação da campanha, que acaba na sexta (30).

No Brasil, a cobertura vacinal está em 52%. O número também está aquém no Paraná, com cerca de 60% das crianças imunizadas. Em Curitiba, por exemplo, a vacinação não tinha passado de 40% até a última segunda-feira (26).

Em reportagem publicada nesta quinta-feira (29), a FOLHA mostra que doenças como poliomielite e sarampo têm índices de imunização que colocam o setor da saúde em alerta. A taxa de imunização do Plano Nacional de Vacinação caiu, drasticamente, tanto no calendário tradicional, por idade, quanto nas campanhas e hoje o Paraná possui a menor cobertura vacinal dos últimos cinco anos.

De acordo com os dados da Sesa (Secretaria da Saúde do Estado do Paraná), a vacina da poliomielite tinha uma cobertura de 90% até 2018, mas o número caiu para a casa dos 50% das crianças até o momento, lembrando que os dados de 2022 ainda estão em aberto.

Quanto ao sarampo, a campanha de imunização foi realizada entre abril e maio deste ano, junto com a vacinação da influenza, mas apenas 47% das 620 mil crianças até 5 anos foram imunizadas com a tríplice viral (sarampo-caxumba-rubéola) no período.

Os índices de vacinação foram caindo à medida em que o vírus da desinformação começaram a circular de maneira mais ostensiva pelas redes sociais a partir de 2015. Mensagens falsas, estudos sem fontes, opiniões baseadas na pseudociência se espalharam e, logo, o movimento antivacina ganhou força e viveu seu ápice na crise global do coronavírus. Os resultados estão aí, com parte da sociedade - crianças inocentes - desprotegidas frente aos vírus causadores de doenças que haviam sido erradicadas há mais de 30 anos no Brasil.

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