Pela primeira vez, o Brasil participa de um ranking internacional que avalia o desempenho de alunos do 4º e 8º anos do ensino fundamental e os resultados mostram que ainda há muito o que se conquistar na educação do País.

O desempenho é medido pelo TIMMS (Trends in Internacional Mathematics and Science Study) , organizado pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), cooperativa de instituições de pesquisa, agências, acadêmicos e analistas, sediada na Holanda. Os resultados foram divulgados em todo mundo nesta quarta-feira (4).

O desempenho dos alunos brasileiros de 9 e 13 anos está próximo de alunos do Marrocos, Arábia Saudita e Azerbadijão, todos nos últimos lugares do ranking que reuniu 58 países.

51% dos alunos brasileiros de 9 anos não conseguem fazer contas básicas de matemática e medidas simples. Em ciências, os resultados melhoram, mas só 31% dos alunos compreendem o que é a gravidade.

Por outro lado, países asiáticos ostentam as melhores colocações em todas as as avaliações. Singapura, China e Coreia do Sul estão nos três primeiros lugares de todos os rankings, com exceção do 8º ano em ciências, que apresenta o Japão no terceiro lugar e a Coreia do Sul em quarto.

Singapura é uma cidade-estado asiática de apenas 710 quilômetros, habitada por 5 milhões de habitantes, que tem o melhor desempenho em todas as provas. Colônia do império britânico até 1960, tornou-se depois uma potência mundial de aprendizagem implantando a educação bilíngue e reforços na abordagem em ciências, tecnologia, engenharia e matemática, combinação conhecida pela sigla Stem. Em 1990, outra revolução renovou a educação na área de humanidades, artes e esportes mostrando que tudo é importante na aprendizagem.

Um exemplo a ser seguido por países como o Brasil que demonstra um triste desempenho e ainda tem muito a caminhar. Quarenta e nove porcento dos alunos brasileiros atingiram cerca de 400 pontos nas provas de matemática, nível de quem consegue subtrair números de até três dígitos e compreender a aplicação de propriedades básicas das formas geométricas. Isso é muito pouco.

Os investimentos na educação básica do Brasil precisam ser ampliados, com melhores condições de trabalho para professores, o que pressupõe melhores sálários e oportunidades de qualificação.

Por outro lado, é preciso reter as crianças nas escolas e isso faz parte de um problema estrutural. O Censo Escolar 2023 mostra que o êxodo atingiu um recorde histórico no ensino fundamental, com 5,4% dos alunos deixando de frequentar a escola. A necessidade de trabalhar, as desigualdades sociais e educacionais estão entre os principais motivos apontados para o exôdo.

Mudar essa realidade é possível com investimentos massivos e necessários. Guardadas as devidas proporções, de tamanho territorial e de população, o exemplo de Singapura mostra que é possível em trinta anos tirar o atraso de um século de educação emperrada por más condições de trabalho e de estudo, de ensino e de aprendizagem.

Obrigado por ler a FOLHA!