EDITORIAL - Autismo - respeito às diferenças
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quinta-feira, 08 de julho de 2021
Folha de Londrina
"O Estado e a sociedade civil precisam reconhecer que a neurodiversidade existe, foi e é essencial para a ciência e a inovação de um país. Países que têm uma cultura favorável à neurodiversidade desenvolvem os seus autistas e, por isso, impulsionam o desenvolvimento nacional. É só pensar em Bill Gates, Leonardo da Vinci, Ellon Musk, Steve Jobs e tantos outros autistas, que indicam a relação entre superinteligência e o espectro autista." Com essa declaração do advogado Igor Luis Pereira e Silva, especialista em direitos dos autistas, a Folha de Londrina levou aos seus leitores, nesta quarta-feira (7), a reflexão de que o autismo não é uma doença, mas uma condição mental diferenciada e uma questão de identidade. E tratou da importância de acabar o estigma e combater o preconceito.
Para o advogado ouvido pela FOLHA, "dizer que autista tem uma doença é como dizer que negros são doentes por causa da cor da pele ou que mulheres são inferiores pelo sexo. Não faz nenhum sentido e é uma violação de direitos humanos.”
A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que há 70 milhões de pessoas com autismo em todo o mundo, sendo 2 milhões somente no Brasil. Estima-se que uma em cada 88 crianças apresenta traços de autismo, com prevalência cinco vezes maior em meninos.
É claro que se trata de uma questão complexa, como o especialista explicou à reportagem: existe desde o autista que tem uma superinteligência e supera os padrões sociais, como aqueles que têm mais dependência e precisam de assistência médica ou psicológica do governo ou da sociedade civil.
Segundo Silva, o autismo tem sido abordado por alguns neurologistas como uma nova tendência mental. "Costumamos chamar isso de neurodiversidade. Poderíamos colocar, então, como maior dificuldade o reconhecimento desta neurodiversidade na sociedade. É a velha questão da inclusão, mas com as especificidades do autismo.”
Um importante avanço nos direitos de pessoas com autismo foi a aprovação pelo Senado, em 11 de janeiro de 2020, da Lei 13.977, também conhecida como Lei Romeo Mion. Ela cria um documento de identificação dos autistas, que é gratuito e pode ser solicitado em órgãos municipais, estaduais e distritais. Romeo é filho do apresentador de TV, Marcos Mion.
Você já deve ter visto que em abril, mês escolhido para a conscientização sobre o transtorno do espectro autista, muitas cidades brasileiras se "vestem" da cor símbolo do autismo, o azul. O principal objetivo é chamar a atenção das pessoas para que o mundo saiba que o autismo existe e precisa ser compreendido.
E se cabe à sociedade conhecer, entender e respeitar, cabe ao poder público criar políticas e campanhas de conscientização que possam realmente promover a inclusão social dessas pessoas.
Obrigado por ler a FOLHA!