EDITORIAL - A volta à vida normal
PUBLICAÇÃO
sexta-feira, 14 de maio de 2021
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A volta à vida normal não está próxima para os brasileiros. E não é apenas porque a vacinação contra a Covid-19 caminha mais lentamente, mas porque a travessia pela maior crise sanitária da nossa época está sendo muito traumática. O número de mortos pelas complicações da Covid-19 chegou nesta quinta-feira a 430 mil no Brasil.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, outro país que assim como o Brasil foi castigado pelo Sars-CoV-2, a volta à vida normal está mais próxima. O presidente Joe Biden anunciou nesta quinta-feira (13) que o uso de máscaras e o respeito ao distanciamento social não são mais necessários para as pessoas que foram completamente vacinadas contra a Covid-19. É um anúncio carregado de simbolismo pois significa virar a página de um livro que ninguém mais quer ler.
No Brasil, a crise sanitária não tem previsão de término e o tema coronavírus ganha mais espaço na mídia e na casa das pessoas à medida em que a CPI da Covid, que ocorre no Senado, ouve novos depoimentos.
Nesta quinta-feira, o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou à comissão que o governo brasileiro não respondeu às propostas de contrato da compra de vacinas feitas pela farmacêutica.
Segundo Murillo, a primeira oferta da Pfizer para que o Brasil comprasse imunizantes foi feita ao Palácio do Planalto em agosto de 2020. Se tivesse aceitado, até março de 2020 o país teria recebido 4,5 milhões de doses a mais das vacinas, a primeira parte de um montante de 100 milhões de doses.
A CPI investiga ações e eventuais omissões do governo federal em meio à pandemia, além de fiscalizar recursos da União repassados a estados e municípios. Um dos depoimentos mais aguardados tem chances de ser frustrante. A Advocacia-Geral da União apresentou ao Supremo Tribunal Federal habeas corpus preventivo, com pedido de medida liminar, em favor de Eduardo Pazuello, ex-ministro de Saúde, para que ele permaneça em silêncio.
O silêncio das autoridades não é o que a sociedade espera. Pesa sobre os membros da CPI apurar as responsabilidades que ficarão gravadas na história. Mas nesse momento, o mais importante é que o governo se reoriente e corrija o curso dessa travessia, evitando mortes e sequelas.
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