Depois de uma das maiores estiagens da história do Paraná, as chuvas torrenciais finalmente voltaram a dar o ar da graça no Norte do Estado. As precipitações começaram no final da manhã de sexta-feira (1) e seguiram por todo o fim de semana. Nos três primeiros dias de outubro, o Simepar já registrou quase 70% de todo o volume esperado para o mês. Foram 104,9 milímetros diante dos 154,8 da média histórica.

O tempo chuvoso era muito aguardado. No campo, os agricultores comemoram a água para molhar a terra e, assim, dar início ao plantio da safra de soja 2021/22 no Paraná. O clima irregular, pelo segundo ano seguido, provocou o atraso no plantio da safra de soja. A semeadura está autorizada desde 13 de setembro, mas levantamento da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento) aponta que, até o momento, foram semeados 407 mil hectares, o que representa 7% do total da área estimada para a safra.

A chegada das chuvas na região Sul do país também dá respiro ao sistema energético brasileiro. Como pontua o economista Marcos Rambalducci em sua coluna “Economia Nossa de Cada Dia”, na edição de hoje da FOLHA, a falta de chuvas provocou o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas obrigando o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a acionar usinas tocadas a carvão ou diesel, dez vezes mais caras.

Especialistas do setor dizem que as chuvas registradas nas últimas semanas, somadas a medidas emergenciais, já serviram para afastar o risco de racionamento de energia elétrica, porém a possibilidade de apagões em horários de pico durante o verão ainda não é descartada. O fantasma dos apagões levou até o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a fazer apelo aos brasileiros para que economizem energia, “tomando banho gelado e evitando o elevador”.

Outro setor afetado em cheio pela crise hídrica é o do próprio abastecimento. Muitas cidades do Estado já operam em sistema de rodízio, o que torna um drama a vida de muitas famílias que precisam destinar parte do orçamento já corroído pela inflação para a compra de água mineral. A Sanepar, que opera o serviço de saneamento na grande maioria dos 399 municípios paranaenses, recomenda o uso consciente da água.

Apelos por conscientização não faltam. Cabe ao cidadão, sim, fazer sua parte para se evitar um colapso, mas, também cabe a ele cobrar dos governos ações efetivas de prevenção às condições que levam à falta de chuva. Pesquisadores associam a estiagem no país ao desmatamento da Amazônia. Se o desenvolvimento não for sustentável, a natureza sempre irá cobrar o seu preço.

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