EDITORIAL - A pólio e a guerra contra a desinformação
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segunda-feira, 19 de setembro de 2022
Folha de Londrina
Poliomielite ou simplesmente pólio. Uma doença quase desconhecida das novas gerações voltou a ser considerada uma ameaça à saúde pública. Isso porque as taxas de cobertura da vacinação contra a paralisia infantil caíram de forma expressiva ao longo da última década.
Sem a proteção dos imunizantes, a pessoa fica suscetível ao ataque do poliovírus, que age no sistema nervoso e pode provocar paralisia em um dos membros inferiores. Segundo especialistas, a doença pode ser mortal, se forem infectadas as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios e da deglutição.
Para alertar para os riscos da doença, a FOLHA traz reportagem com personagens que contraíram a doença e convivem com as sequelas. Márcia Menezes, atleta paralímpica de Londrina, conta que adoeceu “de um dia para o outro”. Segundo o que ouviu a mãe contar, quando tinha 1 anos e 3 meses foi acometida de uma forte febre seguida de convulsões.
O diagnóstico confirmou a infecção da pólio, que lhe paralisou a perna direita. Ao longo dos anos, coube à perna esquerda suportar todo o peso do corpo. Porém, com a sobrecarga, o joelho se desgastou. Hoje, aos 54 anos, depois de passar por 12 cirurgias, ela necessita de uma cadeira de rodas para se locomover.
O médico Humberto Golfieri Junior, de 62 anos, é outro que carrega as sequelas da pólio. No caso dele, a doença foi contraída aos nove meses de vida. A doença não impediu que tanto Márcia Menezes como Golfieri Junior se tornassem referência em suas áreas. Ela se consagrou como halterofilista. Ele, além de médico, pratica ciclismo adaptado.
Apesar das conquistas, ambos têm a consciência das dificuldades que enfrentaram por causa da doença e são enfáticos em incentivar as campanhas de conscientização contra a poliomielite.
E engana-se quem acredita que o vírus só acomete as crianças. Apesar do nome, paralisia infantil, adultos também podem contrair a doença. Franklin Delano Roosevelt [1882-1945], o presidente que por mais tempo governou os Estados Unidos da América, 1933 até sua morte, foi acometido da pólio em 1921, aos 39 anos.
Delano Roosevelt foi um grande incentivador das pesquisas para a criação da vacina contra a poliomielite. À época, havia um grande receio em utilizar o vírus vivo nas crianças, porém, os experimentos se mostraram seguros e eficientes.
Se desde os anos 1950 se tem garantias de que os imunizantes protegem e não o contrário, é difícil compreender porque as taxas de coberturas se mantêm tão baixas. Em Londrina, este índice está estacionado nos perigosos 35%.
Se antes havia a falta de informação, hoje o esforço maior é lutar contra a desinformação. Esta é uma das bandeiras da FOLHA.
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