EDITORIAL - A gasolina, a inflação e a desigualdade social
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quarta-feira, 01 de setembro de 2021
Folha de Londrina
O brasileiro vem enfrentando neste ano de 2021 sucessivos reajustes no preço do combustível a ponto do problema se tornar mais uma polêmica entre governo federal e estados. De um lado, o presidente Jair Bolsonaro tem atribuído o preço alto da gasolina e outros combustíveis ao imposto cobrado pelos estados, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). De outro lado, governadores se defendem afirmando que a alíquota do ICMS permanece a mesma. Ou seja, o valor do imposto em reais subiu, mas sua participação no preço total pago pelo consumidor continuou igual.
Não é fácil entender a complexidade do reajuste de um produto que representa tão forte impacto na vida do cidadão. Assim como parece não ser fácil encontrar o equilíbrio entre interesses tão distintos envolvidos na composição do preço do combustível: Petrobras, estados, União, distribuidoras, postos, dólar...
O problema é que ao revisar a tributação sem que se tenha feito, de fato, uma reforma tributária, fica a ameaça de redução de investimentos em áreas prioritárias. A matemática é uma ciência exata e não tem magia. Toda pessoa que administra as finanças de uma família sabe: se o dinheiro esperado não entra integralmente, é preciso tirar a diferença de alguma despesa.
Para quem mora nas cidades da região de Londrina, a conta ainda está mais salgada. A FOLHA mostrou na edição desta terça-feira (31) que o preço do combustível por aqui é o mais caro do Paraná. Valor acima de R$ 6,00 foi registrado em Apucarana. Em seguida aparecem Arapongas, Londrina, Cambé, Paranavaí, Cornélio Procópio e Maringá, com preços que variaram entre R$ 6,14 e R$ 6,04. Os dados fazem parte de um levantamento feito em 22 municípios entre os dias 22 e 28 de agosto pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Na outra ponta, com a gasolina mais barata do Paraná, está Curitiba, com preço médio encontrado de R$ 5,83 no litro da gasolina, seguida de São José dos Pinhas, Campo Mourão, Ponta Grossa e Colombo, entre R$ 5,81 e R$ 5,74.
Em três regiões do Brasil, o preço da gasolina passou os R$ 7,00 - Norte, Sudeste e Sul. Bagé, no Rio Grande do Sul alcançou o preço do litro mais caro, segundo a ANP: R$ 7,219.
O aumento no valor dos combustíveis encare os alimentos, leva o preço dos serviços de transporte por aplicativos na altura e vem sendo o grande vilão quando analisamos a alta da inflação. Isso porque ele impacta tudo o que é transportado.
Quem faz as compras para casa percebeu que os preços nas etiquetas vêm subindo a cada semana. É claro que a inflação atinge a todos, mas como o Brasil é um país com uma desigualdade social gritante, alguns grupos sentem a disparada dos preços muito mais que outras parcelas da sociedade.
Obrigado por ler a FOLHA!

