EDITORIAL - A falta que faz uma boa campanha pela vacinação
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sábado, 10 de julho de 2021
Folha de Londrina
A conscientização sobre a importância da população se vacinar contra a Covid-19 tem estado no topo do debate, principalmente depois do surgimento dos sommeliers de vacina, aquelas pessoas que, em detrimento do coletivo, adiam o ato de vacinar-se porque o imunizante disponível não é a marca desejada.
Levando em consideração o cenário de 530 mil mortes no Brasil pela Covid-19, precisa ser prioridade para os governos federal, estaduais e municipais que o país vacine o maior número possível de pessoas o mais rápido possível.
Nesse sentido, faz muita falta campanhas publicitárias em incentivo à vacinação por parte do poder público. Inclusive, a ausência de campanhas de conscientização foi um dos entraves à vacinação apontados pela ex-coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações) Francieli Fantinato em depoimento à CPI da Covid, na última quinta-feira (8).
Segundo Fantinato, foram várias as dificuldades enfrentadas pelo PNI no processo de vacinação contra a Covid-19 no Brasil e que a motivaram a deixar a coordenadoria do programa. Além da já citada falta de campanhas publicitárias em apoio à vacinação, ela enumerou a politização do tema, declarações que colocaram em dúvida a eficácia dos imunizantes, baixo quantitativo de doses e pressão de segmentos para a mudança de grupos prioritários.
Para alguns gestores públicos, anunciar é um gasto, e não um investimento. Não poderiam estar mais enganados, principalmente recordando o sucesso de campanhas de vacinação de anos atrás que tornaram o Brasil um dos países mais avançados nesse setor e com um dos programas de imunização mais eficientes do mundo. Quantas vidas foram salvas com um trabalho de comunicação eficiente!
Não é que o governo federal desconheça a eficiência da publicidade. Em maio, o presidente Jair Bolsonaro foi ao pequeno município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e inaugurou uma pequena ponte de madeira. O custo com o deslocamento da comitiva presidencial para a localidade a fim de propagandear a solenidade, custou o valor de 10 pontes. Se tivesse direcionado a verba para campanhas publicitárias sérias de vacinação contra o Sars-CoV-2, estaríamos, hoje, colhendo os frutos positivos dessa ação.
A comunicação pública é uma importante ferramenta que os governos federal, estaduais e municipais têm como forma de engajamento social dos cidadãos e de inclui-los aos debates dos temas mais importantes em nível local, regional e nacional.
Obrigado por ler a FOLHA e vacine-se!