O Congresso Nacional não chega ao fim deste ano "bem na fita", como diz o jargão popular. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha e publicada há poucos dias pela Folha de Londrina mostra que apenas 10% das pessoas entrevistadas disseram considerar bom ou ótimo o trabalho do Congresso.

É claro que os índices econômicos que estampam o cenário nacional não ajudam e a população não costuma mesmo poupar a classe política em geral quando o bolso do cidadão sofre as consequências do insucesso das políticas econômicas e sociais.

Inflação acima dos 10%, desemprego, perda do poder de compra e aumento das desigualdades são alguns pontos do cardápio amargo que o brasileiro degusta neste fim de 2021 e que recai no baixíssimo índice de aprovação da sociedade em relação ao trabalho dos senadores e deputados federais.

"A ação política do Executivo e do Congresso não tem sido suficientes. Há uma sensibilidade política que passa necessariamente pelo bolso", avaliou em entrevista à FOLHA o professor de ética e filosofia política da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Clodomiro Bannwart Junior. Ou seja, a a avaliação negativa decorre da percepção da realidade social e econômica que tem se deteriorado.

O Datafolha mostra ainda que o número de brasileiros que avalia como ruim ou péssimo o trabalho do Congresso teve uma oscilação para baixo, passando de 44% na última pesquisa, em setembro, para 41%, dentro da margem de erro. Os que consideram regular a atuação dos parlamentares foram de 40% para 45%.

Talvez a principal crítica que cabe ao Congresso neste fim de 2021 seja a atuação dos partidos do centrão dando sustentação evidente ao Planalto em troca de cargos e verbas, como no caso da PEC do Calote e do fundão eleitoral.

Mas engana-se quem pensa que uma pesquisa com uma avaliação tão vexatória preocupa os congressistas brasileiros a ponto de lhes tirar o sono nas noites de recesso parlamentar. O professor de ética e filosofia política da UEL acredita que a avaliação negativa sobre o Congresso neste final de ano não terá forte influência nas eleições de outubro de 2022, já que há outros fatores neste jogo.

"Como os deputados federais terão recursos oriundos de parte do orçamento para investir em suas bases e também muito dinheiro do 'fundão' de campanha, a probabilidade de vitória na próxima eleição aumenta consideravelmente. Novamente, alguns políticos vão contar com a memória fraca do brasileiro para se sair bem nas eleições.

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